quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Cantiga de Ninar


E a chuva molha a poesia.
Um velar do sono que não dormiu.
São gotas vidradas de um vento raivoso, que já partiu.
Quebra o desejo de sonhos leves,
Sopra para depois o que se feriu.

Chove lá fora.
Chove aqui dentro.
Segue chovendo o azul anil.


Douglas Ibanez
(12.02.2015 - 12h57)



quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Polpe-me


Eu sou do tipo maduro,
Que nem manga amarela.
Broto no alto, perto do céu.
Dispenso as verdinhas. Azedas.
Cheias de frescuras e acidez.

Mas tenho tempo durável,
Por isso aproveite! Enquanto sou amável.
Suba às alturas e me pegue jeitoso.
Me corte, divida. Deguste meu gosto.
Sou doce do tempo. Saboroso.

Caso contrário, me solto de ti.
Perco as estribeiras, caio para o chão.
Viro adubo na terra. Nasço outra vez,
Em outros pomares, tomares e amares.
E você verde de coração.

Douglas Ibanez
(11.11.2015 - 17h54)