terça-feira, 26 de setembro de 2017

Hipotenusa


Há coisas que eu não sei se são verdade, como meus pés em movimento. Eles seguem sempre a frente, sem saber que com a idade tudo fica ao meu relento, sem um pingo de fundamento sobre o que não precisaria existir.

Fiquei carente. Hoje, agora. Fazer o quê? Não boto pra fora e a garganta flameja, sem desistir do que você diz. Estou me lembrando daquele dia, seja onde esteja, foi nada que eu fiz. Só vi nos retratos, de risadas grotescas, um dedo do meio que não soube falar.

E eu me calei - me vi. Mas continuo revendo e dançando um ato de silenciar. Senti o sem ti. O que isso seria? Me sentei na geleira que cantei ao passar, com pressa ao virar ali do lado, sem saber o que encontrar. Seria dessa ou daquela para a pior das hipóteses?

Perdeu-se o anel. Perdi a vontade (momentânea). Vou atrás das mesóclises, que ganho bem mais. Ainda não sei se existe algum réu, mas me envolvo com os tais, que não trazem verdade, nem nada do inferno, do terno ou do acaso tão raso do céu. 

Douglas Ibanez
(26.9.2017 - 0h54)



quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Doce do Doce de Batata-Doce


Sério,
Santo,
como pode
e enaltece

o seu vidro,
quando o meu -
o meu vidro
- todo quebrado

de teus casos.
Amassos e
recheios
tão gostosos

e fogosos,
como doce em pira fresca.
Sem preferência
pela frente ou pelo verso.

Só se veja
ao contrário,
do contrário (...)
não te leio,

mas desejo
sua verdade,
em mordê-la bem mordida.
Como mesmo.

Dou quem sou.
Em meu seio
tem seu selo
de quem pede.

Não gostou.

Douglas Ibanez 
(1.6.2017 - 2h2)

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Cujo Drama


Se engrossa na ruela, 
minha vida.
Tão sortida de vivências 
que não ouso reclamar. 

É como mar que vai e volta, 
se pulando - se virando, 
incontando 
as benditas sortes, 

que eu não sei. 
Observo o trem partindo, 
tem mocinha ali no trilho:
- Socorro! Socorro! - me diz ela. 

Dá novela! E eu me encanto. 
Me escrevo nas vontades,
como poesia que o pó se tornou. 
Boto na cara - sou elegante. 

Danço pelado e assim continuo
nascendo. 
Morrendo do medo 
de me vestir, 

sem rir. E partir. 
Para o acaso do atraso, 
Da rima em cima da vida 
e da pena da mesma. 

Deixar-se. 
Deitar-se. 
De olhos fechados, 
querendo viver. 

Douglas Ibanez
(1.9.2017 - 1h49)
Happy Birthday, Doug!