domingo, 31 de dezembro de 2017

Lago dos Cisnes no Meio da Rua


É engraçado me vestir de branco,
como toda a paz que se desfaz
no dia seguinte ao fim do mundo.
Eu me vejo no lago e brinco com os cisnes.

Me revi em 12 dias, bem contados,
começando na mentira e repassados,
treslouquentes delinquentes,
como forma de alegria para uma noite amargurada.

Viajei para onde o frio vive - com luzinhas!
Congeladas. E lá eu encontrei o que quase
me abandonou, sem pressa para o recomeço,
em um clube de espelhos.

Eu beijei algumas coisas,
como frutas mortas da estação passada,
com gosto que beira ao agridoce do cair.
O tesão de um penhasco, mas é estranho. O que é?

Me prelimino. Sei das coisas que preciso colorir,
eu quero, eu quero, eu quero!
Tem gosto de pele, de suor macio,
somos aqueles que se ajoelham e clamam (vazio?).

Se a semente brota podre, como trava-línguas,
eu sei que poderia renascer de uma vontade,
entrar na escolaridade - me formar na vida adulta!
São os meus desejos que desejo. Amadureço e amarelo.

Sem sequelas. Danço na poça que a chuva fez,
naquela calçada em que nos jogamos.
Havia vida no esquisito transformado
e transformou! Sem forma nenhuma (...) até hoje?

Pedras soltas no meu rio, brilham,
são minhas pérolas. Mas preciso da verdade,
entregar a realidade e que saiba disso mesmo!
Violento e (foda-se!) e viva o meu momento.

Eu escrevo minha história, entre o corvo,
entre a águia - entra tudo o que se faz a festa.
Tudo é o que se resta - colorido!
E eu quero distância do que presta (inclusive dessa rima).

No último dia eu me percebo tão dourado,
entendendo que o movimento de algo que foi parado
gera as consequências de um infinito que premeditei,
sem saber de qualquer amanhã.

Tem o ruim dentro do vaso e o raso naquele oceano
tão lindo. Não foi o que dizem, mas é o que é!
Não quero quedas sem ser feliz. Se está,
que seja assim! Ou assim seja.

Douglas Ibanez
(31.12.2017 - 20h19)
Feliz Ano Novo!







sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Violência


Eu geralmente escrevo coisas
sem saber o que são.
Mas quando eu grito o que eu sei,
são maiúsculas bruscas - perfeitas.

Se rasgam como um gemido torto,
com rosto coberto por um véu cinza,
nadando em um rio de águas escuras,
como diz o meu nome.

Defloro o silêncio,
o desmancho em minhas partes,
eu mordo suas traves - canibalizo,
enfio nos buracos que eu quero estar.

E eu soco
como senão houvesse paredes.
Os ouvidos escutam, como sempre,
então toma - me torna - me ouça!

Seu maldito que escreve, sem olhos.
Só há uma boca no lugar de três,
que latem nas portas do inferno,
sugando uma grave histeria.

Me boto de bruços,
eu bebo o café.
Socorro sem frutos de um sussurro só,
bebendo de águas que se derramam vazias.

Douglas Ibanez
(19.12.2017 - 1h53)


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Uni-versos


Mesma música que eu continuo sem saber como dançar. Já criei incríveis solos de cabeça, mas há algo que eu não toco. Literal - amargurado (aos poucos tempos de uma prática difícil). 

Eu quero um colchão à meia luz. O meu corpo? Pelado e sem cuidado, rolando pelo chão enquanto dança com uma luz pequenininha - do horizonte tão distante e ainda sem tradução. O céu é sépia. 

Mas também tem aquelas cores que me gritam aos tabefes. Se espalham e dançam pelo quarto a criança ainda não crescida, adormecida - ADOLESCIDA! E cá estou me rindo torto. Colorindo sem tentar.

Eu passo pelas reverberações de tantas faces - conto dedos e durmo segurando uma bolinha ainda azul. Não entendo e nem sei se creio, mas escrevo, nesses passos, a língua a dançar. Dois complexos - meus versos.

Douglas Ibanez 
(5.12.2017 - 0h44)





quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

O avesso


Me viro do avesso, enquanto troco de lado,
Revejo paisagens, moedas sortidas.
Da carne esponjosa me aparece a vontade,
Sem gotas de vida, beirando a verdade.

Eu sei que eu posso morrer mais um pouco,
Bebendo do suco que escorre sem freio,
Pelo freio, gemendo de dor,
Quebrando suas partes, de dentro para dentro.

Desviei e reviro meus olhos tão bobos,
Me jogo no fogo dos ossos quebrados.
Eu jogo de quatro e lambo seus beiços.
Cortesia da desgraça, que me morde o pescoço.

Pelo cerne da coisa que a coisa se esconde,
Com o cansaço nas veias, que tanto pulsam, 
Desgrudam do couro, no coito, e batem de novo.
Eu sinto meus cheiros: dos céu e do grosso.

Douglas Ibanez
(5.12.2017 - 0h31)