quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Não me dirijo


Parei e olhei o meu vidro. Vi a calçada correr como quem não quer nada, mas em busca de sonhos que nem ela sabia onde iriam desaguar. Se chegou, eu faço a mínima ideia. Da última vez, ela virara uma esquina sem graça, abrupta, brusca e ao completo longe do meu ponto de vista. 

Opiniões? Sei lá, sei não. Elas não costumam prestar de qualquer forma. Observei por meio do vidro da frente e revi o mundo parando em uma gota de chuva. Escorria por um caminho torto, claro. Quando dei por mim: estourou e quem foi que ouviu as milhões de vozes fazendo uma prece? Sua.

Bons tempos virão, me disse o passado disfarçado de música. Eu ouvi calado, pensativo, pelo rádio. Um suspiro me estendeu a mão como um pretérito, tão perpétuo que doía. Para sempre é tanto tempo que eu o queria em repúdio, correndo sem hora marcada, somente gritando meu profano e sagrado. Desgraçado e com remelas de uma noite recém pensada. Criei.

Douglas Ibanez
(15.02.2018 - 22h44)


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Craquarelando


Meus ouvidos racham.
Não gosto do que vejo.
Dou tapas na cara,
Naquilo que tenho.

Sem flores dessa minha vez.
Com medo do mundo.
Minha aquarelada
Insensatez - destes e daqueles.

Douglas Ibanez
(27.01.2018 - 3h)