sexta-feira, 28 de junho de 2019

Fagócitos


Eu nado na beira do mar,
sinto aquela areia escura.

Entre meus dedos,
entra em meus beijos - esquisito.

Me puxa para baixo,
mordisca minha pele, desvejo

e desejo o aperto.
O escuro me aconchega, sem fardos.

Mas afasto para outro dia,
quem sabe mais tarde?

Precisamos marcar! Revejo
sem ansiar pelo raso daquela praia,

mais uma vez. Já basta, sabe?
Eu olho torto, limpo meus poros

entupidos de areia cinza, escura,
molhada com restos do mesmo,

tão qual já foi, tão qual já é.
Faz parte de ti, entende?

Eu entendo!
Mas receio pela beirada,

que nunca deixa de beirar
o que tem no meio,

tão oco, tão fundo,
vazio como uma represa,

que mata,
sussurra.

Douglas Ibanez 
(18.06.2019 - 01h58)


segunda-feira, 3 de junho de 2019

Puto


Noites são feitas para os meus poemas,
Escritos por um puto que não consegue dormir,
Pensando na arte que lhe goza na mão
Como letras de quem morre de amor.

E eu amo, como amo!
O reflexo do espelho que minha lua me mostra,
Contando os detalhes do colorido
Que desce em arco das nuvens ao meu dispor.

Também há os tons de casas velhas,
Fotografias antigas e rosas 
Em meio a livros que eu mesmo escrevi,
Cuja letra eu tombo sublime como minhas ideias.

Eu abri a janela sem perceber,
Em busca do ar que a noite me entrega,
Comendo pedaços da lua, da minha de novo,
Tão dourados quanto o sol da manhã seguinte.

Esfrego os pés, crio faísca, luminária! 
Poesia? 
Faço um arco, desenho minha dança, 
Desço em minha cama e descanso, me inspiro.

Repouso sem saber quando, 
Tão puto quanto estive sempre, às beiradas, 
Me toco em despedida, escrevo, 
Confesso, me entrego desgonexo e desapareço. 

Douglas Ibanez 
06.05.2019 - 09h05