tag:blogger.com,1999:blog-62471184484864090432024-03-14T02:05:02.431-03:00O CronistaDouglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.comBlogger364125tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-69315936925970476152023-12-31T20:12:00.002-03:002023-12-31T20:13:22.654-03:00Ma<p style="text-align: justify;">É na pausa entre o tempo e o espaço que contemplo o oceano. Sentado num banco, os pés acima ou abaixo da existência, e a melancolia simbólica quieta diante dos meus olhos, tão cheia quanto vazia de qualquer significado que ela mesmo trouxesse.</p>
<p dir="ltr" style="text-align: justify;">O nada me contempla como uma paisagem, um estudo profético - poético - do tudo que vai sempre tê-lo: o nada. Eu o entendo e me calo, com poesia vazando pelos meus olhos, bocas e dedos, escrevendo o que vejo na sobreposição. </p>
<p dir="ltr" style="text-align: justify;">O sol se pondo na sombra do porto. É daquele laranja o tom que a matéria se forma, atingindo os pilares que os céus sustentam tão longe. Quando for meia-noite, entretanto, o céu continuará iluminado, coberto pela fumaça escura da natureza primordial da criação. </p>
<p dir="ltr" style="text-align: justify;">E foi aqui que eu guardei o que me faz bem, no vazio entre o entre e o entre, onde a quietude se torna um alento e o eu um momento de plena observação significativa do que é e o que não é, ao ver o que é visto e apreciar o seu silêncio. </p>
<p dir="ltr"></p><div style="text-align: justify;"><i>Douglas Ibanez</i></div>
<i><div style="text-align: justify;"><i><a href="tel:0702202300">(07.02.2023 - 00</a></i><i>:25)</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Feliz Ano Novo! </i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRuTFzJss-jKm5uMqLpQqX9uQ_onLzgeie4eg&usqp=CAU" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="452" data-original-width="678" height="213" src="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRuTFzJss-jKm5uMqLpQqX9uQ_onLzgeie4eg&usqp=CAU" width="320" /></a></div><br /><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div></i><p></p>Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-16197561759486010912021-11-05T01:21:00.001-03:002021-11-05T01:21:59.315-03:00Mergulho na Honestidade<p></p><p dir="ltr"></p><p dir="ltr">A madrugada é honesta<br />
em suas palavras, escurecidas<br />
como o tecido do céu<br />
que acima se deita. </p><p></p><p dir="ltr">Palavras nuas, <br />
sem vergonha do medo<br />
e da natureza de sua pele, <br />
cujo toque não se toca, se pronuncia. </p><p></p><p dir="ltr">Cruas até o limite da rima. <br />
Tira as cobertas,<br />
revela as simples verdades guardadas<br />
nas mentiras que de dia foram contadas. </p><p dir="ltr">Eu sou escrito no poema da noite,<br />
onde me vejo e retorno o olhar. <br />
Os pés escorrem, <br />
os dedos falam e a língua sente. <br />
<br />
O vazio perfura, a expectativa vaza<br />
e o momento é tão verdadeiro<br />
que o silêncio que sobra se cala,<br />
dando ouvidos à cantoria da intuição. </p><p dir="ltr">Soa-se belo na madrugada, sem nada. <br />
E de repente, o que se escuta <br />
só depende do outro, <br />
que se deixa ir... aos sussurros.</p><div align="right"><p dir="ltr"><i>Douglas Ibanez</i></p></div><p dir="ltr">
</p><div align="right"><p dir="ltr"><i>13/10/2021 - 4h23</i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-U967t2WqtqY/YYSwv7PB6BI/AAAAAAAAIcI/5_1lvdCMk9snyc8pHcRQK5ER1_jdKDGtQCLcBGAsYHQ/s1136/tsGLRf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1136" data-original-width="640" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-U967t2WqtqY/YYSwv7PB6BI/AAAAAAAAIcI/5_1lvdCMk9snyc8pHcRQK5ER1_jdKDGtQCLcBGAsYHQ/s320/tsGLRf.jpg" width="180" /></a></div><br /><p dir="ltr"><br /></p></div>Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-17781920481898820992021-09-04T12:00:00.001-03:002021-09-04T12:00:00.254-03:00Rosa dos Ventos<p>Eu abro e</p><p>me permito pensar</p><p>na velocidade que penso, </p><p>que outrora me enganou</p><p>como quem nada queria, </p><p>mas me engolia por dentro</p><p>como dita a ansiedade. </p><p><br /></p><p>Eu me parto</p><p>em mil pedaços e</p><p>me permito partir </p><p>vento a dentro, como</p><p>os farelos leves que caem </p><p>das alturas sem medo</p><p>da partida. </p><p><br /></p><p>Eu me torno o</p><p>que me despi e me deixo levar</p><p>para longe o que me tornei, </p><p>pois logo serei outro ao</p><p>retorno do vento e ele</p><p>será o mesmo que me despiu</p><p>no anseio da calma. </p><p style="text-align: right;"><i><br />Douglas Ibanez</i></p><p style="text-align: right;"><i>(20/01/2021 - 1:30)</i></p><p style="text-align: right;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSY4tai18Rrw5lJwG2EhOpCLc3d5yx9M1m3793gFgilSTVOfholDNk8eZxkUudZ-QtUOtg&usqp=CAU" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="225" data-original-width="225" height="225" src="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSY4tai18Rrw5lJwG2EhOpCLc3d5yx9M1m3793gFgilSTVOfholDNk8eZxkUudZ-QtUOtg&usqp=CAU" width="225" /></a></div><p></p>Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-30119038081946516322021-08-29T23:23:00.000-03:002021-08-29T23:23:03.918-03:00Você sabia das flores?<p>aos céus </p><p>as flores se jogam. </p><p>mãos levantadas, </p><p>braços dançantes! </p><p>a terra nos pés, entretanto,</p><p>sorri com a graça</p><p>de um milhão de certezas, </p><p>tão incertas, </p><p>que não fazia sentido nenhum tê-las.</p><p>mas a melodia...</p><p>essa estava entre os dedos</p><p>que tocavam as nuvens</p><p>e sentiam a grama</p><p>ao mesmo tempo</p><p><br /></p><p style="text-align: right;"><i>Douglas Ibanez</i></p><p style="text-align: right;"><i>(16/08/2021)</i></p><p style="text-align: right;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://ih1.redbubble.net/image.1355791551.1343/flat,750x1000,075,f.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="652" height="400" src="https://ih1.redbubble.net/image.1355791551.1343/flat,750x1000,075,f.jpg" width="326" /></a></div><br /><i><br /></i><p></p>Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-49273066368363638042021-02-11T11:14:00.001-03:002021-02-11T11:14:02.683-03:00O Café<p>Respiro</p><p>como se o amanhã não existisse,</p><p>pois ele de fato não estará lá</p><p>até que eu abra sua porta e</p><p>a atravesse,</p><p>com um pé diante do outro.</p><p><br /></p><p>Nem mesmo a tarde sobrevive,</p><p>quando as manhãs são destruídas</p><p>com a amargura</p><p>que anseia todo o resto.</p><p>Este ainda para chegar, </p><p>este ainda para ir embora.</p><p><br /></p><p>Dou um passo descalço</p><p>na paz descalça, </p><p>que se anuncia solo</p><p>como uma respiração calma</p><p>de bom dia, </p><p>com toda a graça que posso suportar. </p><p><br /></p><p>É no silêncio que sinto </p><p>aquele amargo cheiro flutuando, </p><p>dançando em fumaças, </p><p>me desejando continuações </p><p>ensolaradas de mim mesmo, </p><p>em uma versão estranha do que ainda virá. </p><p><br /></p><p>Não é uma previsão, </p><p>muito menos de preciso conteúdo, </p><p>mas é belo em seu sentido próprio, </p><p>como se minha intuição pudesse, </p><p>e ela pode, </p><p>ler nas entrelinhas do ar, </p><p><br /></p><p>decifrando</p><p>e colhendo </p><p>histórias que o meu íntimo ainda </p><p>irá me mostrar de alguma forma. </p><p>Eu toco as narrativas </p><p>e meus dedos são varinhas</p><p><br /></p><p>que deixam no ar o rastro, </p><p>os desenhos que quero seguir. </p><p>Um artista do meu tempo, do meu desejo,</p><p>fazendo espirais de um momento</p><p>só meu, </p><p>sem permissão para o alheio.</p><p style="text-align: right;"><i>Douglas Ibanez </i></p><p style="text-align: right;"><i>(24/12/2020 - 8h36)</i></p><p style="text-align: right;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-cetxr-W5qsA/YBMKrBSjgGI/AAAAAAAAIGg/wUFTHqsU2oQouGbzMVBZJYGUR0eYtwWGACLcBGAsYHQ/s853/1.webp" imageanchor="1" style="clear: right; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="853" src="https://1.bp.blogspot.com/-cetxr-W5qsA/YBMKrBSjgGI/AAAAAAAAIGg/wUFTHqsU2oQouGbzMVBZJYGUR0eYtwWGACLcBGAsYHQ/s320/1.webp" width="320" /></a></p><p></p>Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-31910444168646599932021-01-28T15:52:00.003-03:002021-01-28T15:52:28.421-03:00Oração ao Nome<p style="text-align: justify;">Em meus momentos de maior confusão, quando o tempo corria ao meu redor numa velocidade absurda, me tirando o ar e causando angústias que eu só havia visto em meus piores sonhos quando criança, eu costumava chamar nomes passados para me manterem ancorado naquele oceano, tão perto da terra à vista, diante da turbulência. </p><p style="text-align: justify;">Eles eram nomes muito diversos. Grafias e sons extremamente únicos, com barbas, cabelos longos, loiros e morenos, sorrisos inocentes e promessas de um dia daqui a um dia. Sem contar o anseio de descobertas que nunca foram e carências que me abraçaram pelas expectativas em minha cabeça de necessidade, talvez, crônica.</p><p style="text-align: justify;">Só que eles me puxavam pelo pé e o que era salvação se tornou um erro. Me lembro de fechar os olhos, enquanto os monstros arranhavam por dentro as paredes do meu corpo, e fazer uma oração, mais rápida do que o meu medo poderia agir. Eu pedia pelo nome da vez. Soprava a vela e o repetia mil vezes para que ficasse, mas sem nunca realmente ficar, porque nunca estivera ali. </p><p style="text-align: justify;">Quando recebe um nome, isso quer dizer que é seu. Então porque cargas d'água eu queria o nome dos outros? Um finito punhado de letras com significado tão limitado quanto o tempo que o vento leva para bater na palma de sua mão e levá-lo para longe, deixando você finalmente perdido, rezando por um nome que não está lá. Que nunca esteve.</p><p style="text-align: justify;">Por isso, a todos os escritos que já passaram, hoje eu peço licença e me recuso a lembrar de um outro nome que não seja o meu próprio, aquele que não se vai. Pois está atrelado em minhas veias, como um rio de águas escuras cheias de história. Isso não significa que nomes alheios não sejam belos ou relevantes, como árvores que brotam dessa calçada paulistana tão ambígua, muito pelo contrário! Eles me acompanham, só não são meus. </p><p style="text-align: justify;">Por isso, eu só peço a mim mesmo... me salve. Que seja você a abraçar o que me é vulnerável e o que conta histórias infiltradas no meu peito de maneira tão perpétua e imortal ao mesmo tempo. Pois é em seu nome, meu nome, que eu vejo a vida fazendo sentido, mesmo quando o medo sussurra exatamente o oposto. Sopre em meus ouvidos e me fortaleça, por favor. </p><p style="text-align: justify;">Obrigado, até aqui chegamos. </p><p style="text-align: justify;">Continuemos. </p><p style="text-align: right;"><i>Douglas Ibanez</i></p><p style="text-align: right;"><i>(26/01/2021 - 2:31)</i></p><p style="text-align: right;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-MJl_YR5zWpM/YBMHXLGj19I/AAAAAAAAIGM/Yxm6wzxQutkSP92NfiydeQo9awOu2TSmQCLcBGAsYHQ/s662/single-yellow-light-candle.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="441" data-original-width="662" src="https://1.bp.blogspot.com/-MJl_YR5zWpM/YBMHXLGj19I/AAAAAAAAIGM/Yxm6wzxQutkSP92NfiydeQo9awOu2TSmQCLcBGAsYHQ/s320/single-yellow-light-candle.jpeg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p>Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-12690732309927733452020-11-07T23:16:00.006-03:002020-11-07T23:16:58.771-03:00O Barulho da Unha<p style="text-align: justify;"><span> </span>Chego do trabalho, desço do elevador e sigo pelo corredor do andar onde moro. Numa mão, uma sacola de compras que há tempos faltavam no armário da cozinha. Já na outra, a ansiedade rolava entre os meus dedos, lutando contra o barulho das unhas batendo uma na outra, como se discutissem para decidir quem era o mais barulhento. Olho para a minha porta: <i>familiaridade</i>. </p><p style="text-align: justify;"><span> </span>Suspiro, cansado. Tiro a mochila - <i>e alguns outros pesos</i> - das costas, a colocando na frente do corpo de maneira desengonçada. Eu abro um dos bolsos e tento pegar a chave escondida no fundo, às cegas, mas só encontro meus óculos escuros e a tampa do meu desodorante. Mexo a mão com raiva e nada, o que me faz rosnar como um bicho impaciente no meio da noite. </p><p style="text-align: justify;"><span> </span>Sinto algo roçando no meu ombro, me arrepio sabendo o que viria e quando dou por mim, a alça da mochila já havia escorregado, soltando todo o seu peso sobre a minha mão. Tento segurar o que já tentava equilibrar. Fracasso. E logo tudo cai no chão com um barulho oco, no meio do corredor. Eu olho. Eu respiro. Eu mordo um pedaço de pele da minha boca. O barulhos das unhas batendo ficando mais forte. </p><p style="text-align: justify;"><span> </span>Com a vontade de chorar, me sento no chão. Costas na parede gelada e a certeza de um resfriado. <i>"Que se dane"</i>, penso e encosto a cabeça no concreto. Respiro fundo, fecho os olhos, respiro fundo e trago os joelhos para perto do peito, os abraçando com meus braços que pareciam mais longos do que eu podia imaginar. Escuto o barulho das unhas, batendo e batendo e batendo de novo. </p><p style="text-align: justify;"><span> </span>Coloco a cabeça entre as pernas, abro os olhos e vejo o piso bege me encarando. Imagino o que o vizinho diria se abrisse a porta e me visse ali, em minha versão mais deprimente do dia. Aquele pensamento me arranca um sorriso, seguido de uma tremida de queixo que eu sabia que viria acompanhado de lágrimas de algum lugar. Tiro e queda: eu choro. </p><p style="text-align: justify;"><span> </span>O nariz fungando me dizia que meus olhos estavam vermelhos, mesmo sem eu conseguir vê-los, por motivos óbvios. Solto uns palavrões, entre leves e pesados, para a bagunça e para mim mesmo. Naquele ponto da noite, não havia mais tanta diferença entre nós dois e eu sabia disso perfeitamente. Talvez por isso eu chorava. Como eu odiava aquela bagunça! </p><p style="text-align: justify;"><span> </span>Sinto uma presença se aproximando, devagar e calmamente. Fico tenso, paralisado, minha respiração falha e a prendo como se tentasse manter o resto de ar que havia me sobrado nos pulmões. Se enroscando pelas minhas pernas, carregando toda aquela energia esquisita, um gato preto passa da esquerda para a direita e desaparece do meu ponto de vista. Eu não tinha gato, muito menos meu vizinho. </p><p style="text-align: justify;"><span> </span><i>"Inferno"</i>, penso, sem realmente saber se fora em voz alta ou não. Porém, após segundos se passarem, me lembro seriamente de tomar cuidado com meus pensamentos. O bichano, pelo menos eu esperava que fosse de fato ele, sussurra em meu ouvido, como uma lambida sem permissão em minhas entranhas, uma série de sopros que eu não entendia, mas sabia perfeitamente o que significavam.</p><p style="text-align: justify;"><span> </span>Meu corpo se estremece, meu coração palpita, minha lágrimas aumentam e eu gemo de desespero, sem conseguir me mexer com tantos medos e verdades que entravam gritando pelo meu corpo e se alojavam na minha angústia. Eu conseguia sentir o gosto do grito na minha boca e minhas mãos tremiam. O barulho das unhas aumentavam, tom após tom. </p><p style="text-align: justify;"><span> </span>Dedos se esparramam pelos meus cabelos, os agarram com força e puxam minha cabeça para o alto. Meu rosto molhado, trêmulo, os olhos em carne viva. Vejo a mim mesmo me olhando, como um animal que nem era digno de ajuda. Ele se agacha, segura meu queixo com força e me beija sem eu querer. Ele impõe sua língua dentro de minha boca, me abusa com saliva e sussurros que o gato outrora já havia me contado. </p><p style="text-align: justify;"><span> </span><i>"Basta"</i>, eu pensava. E ao mesmo tempo que eu sentia nojo, eu estava entregue, com a sensação de que me despedia cada segundo de mim mesmo. Eu queria gritar e ele, o grito, continuava me beijando, me sugando, me devorando de um jeito que eu não sabia dizer não, mesmo ainda chorando. Ele berra dentro da minha boca e eu berro para dentro da minha garganta.</p><p style="text-align: justify;"><span> </span>Eu caio no chão, tremendo. Ele se levanta sorrindo e eu penso o quanto aquele impostor terminaria com a minha vida ali, agora. Eu não conseguia falar, e ele continuava sorrindo. Ele abre a porta, fecha os olhos e sente o cheiro de comida quentinha no ar. Eu choro, choro muito, querendo gritar por socorro, que não o deixasse entrar. Porém, ele entra. </p><p style="text-align: justify;"><span> </span>Horas se passam e meu corpo, ainda fraco, tenta se recompor. Me arrasto até minha mochila, enfio a mão torta no bolso pequeno e sinto o metal gelado da chave me chamando ali dentro. Me apoio no chão, a palma da mão esquerda no piso gelado, a direita na parede de ranços e costumes, e subo me esfregando esquisito. </p><p style="text-align: justify;"><span> </span>Me aproximo da porta, encosto a mão na madeira velha, ainda fraco e sem equilíbrio, encaixo a chave na entrada e a giro. Escuto o barulho grosso, quase rude. Ela trava, não se mexe. Forço uma, duas, três vezes e nada acontece, eu não conseguia abri-la. Me jogo para frente e rosno, batendo o dois punhos cerrados na porta com toda a minha vontade e desespero. Mais uma vez, eu choro. </p><p style="text-align: justify;"><span> </span>Soluçando, dou três passos para trás, sinto as costas tocarem a parede do corredor. Observo o meu redor e percebo que aquela não era a minha casa, porém eu estava lá dentro. Eu havia entrado minutos atrás sem que quisesse, sem que eu pedisse. Um abuso, uma intromissão. Sinto algo roçando em minhas pernas, olho para baixo e vejo o gato preto ronronando carinhosamente perigoso. </p><p style="text-align: justify;"><span> </span>Eu grito, me agacho no chão, junto os joelhos no peito, os abraço com os braços, olhos por entre as pernas, vejo o chão. Tudo de novo. Vou me dissolvendo, como um fantasma. O felino segue trocando de lados, direita e esquerda, esquerda e direita. Fecho os olhos e respiro. Choro, me recuso a me dissolver, não quero, não posso, não vou! Peço socorro e escuto o barulho da unha. Ele está contando, ele está morrendo. </p><p style="text-align: right;"><i>Douglas Ibanez </i></p><p style="text-align: right;"><i>(02/02/2020 - 2:32)</i></p><p style="text-align: right;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://comumunidadeflorcruz.files.wordpress.com/2018/07/retiro-de-quarto-escuro.png?w=500" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="500" height="320" src="https://comumunidadeflorcruz.files.wordpress.com/2018/07/retiro-de-quarto-escuro.png?w=500" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><i><br /></i><p></p>Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-18166932676022286562020-10-15T20:38:00.004-03:002020-10-15T20:38:57.975-03:00Sol Oriens<p>Me apaixonei pela lua</p><p>Numa noite molhada,</p><p>No meio do vale, subindo a rua, </p><p>O sereno no rosto e a vergonha sentada. </p><p><br /></p><p>Eu era uma estrela de brilho virgem</p><p>Que escrevia poemas em papéis quaisquer,</p><p>Incluindo problemas em qualquer vertigem</p><p>E comendo o mundo em pequena colher. </p><p><br /></p><p>Mas eu não podia competir com estrelas, </p><p>Aleatórias ao redor da lua, </p><p>Que gritavam em quantidade de centenas, </p><p>Centelhas de vida que clamavam ser tuas. </p><p><br /></p><p>Eu era um invisível só dando voltas, </p><p>Implorando por luzes que nem suas eram,</p><p>Caminhando por ruas de incertas rotas, </p><p>Cujos olhos me injetou, enxergou e esperam.</p><p><br /></p><p>Então percebi, sem deleites, </p><p>Que o sol também era uma estrela.</p><p>Sem lua que o aceite! </p><p>Com noite extrema vazando por minha ourela. </p><p><br /></p><p>Para que o escuro, que pertence ao luar, </p><p>Com tantos brilhos ao seu dispor, </p><p>Se um dia inteiro eu me permito pintar</p><p>Antes mesmo do sol se pôr?</p><p><br /></p><p>Com dedos pontilhados,</p><p>Desenho aquarela no tecido do céu.</p><p>Do azul ao cinza e o laranja rosado, contemplado,</p><p>Daquilo que pertence ao meu sobrepor do véu.</p><p><br /></p><p>Você tem um bonito sol, disse a si,</p><p>Uma estrela tranquila na minha manhã.</p><p>Não havia medo das chuvas daqui,</p><p>Enquanto faziam parte deste hoje-amanhã.</p><p><br /></p><p>E eu espero, sinceramente, que a lua diante esteja</p><p>Daquilo que a alma nos conta nos sonhos.</p><p>Que a solidão, por difícil que seja, </p><p>Lhe reflita na água seu estado risonho.</p><p><br /></p><p>Não chore, </p><p>Se erga!</p><p>Pegue o que lhe consome, </p><p>Dance na luz e se veja.</p><p><br /></p><p>Em mim, havia razões que se foram no porto,</p><p>Admirando as cortinas do que se cobria.</p><p>O sol, outrora tão virgem, outrora tão torto,</p><p>Se viu distante, se via morto, diante daquilo que ele agora vivia.</p><p><br /></p><p style="text-align: right;"><i>Douglas Ibanez </i></p><div style="text-align: right;"><i>(02/01/2019 - 2h04))</i></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-lhbdAn2GSTg/X4hetE3VOrI/AAAAAAAAH24/OItsG18ir10YXlxdcQX963t1ciQYX8TlQCLcBGAsYHQ/s800/8d86eaf32d8ea55bc379c13e7dc0f8d2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="513" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-lhbdAn2GSTg/X4hetE3VOrI/AAAAAAAAH24/OItsG18ir10YXlxdcQX963t1ciQYX8TlQCLcBGAsYHQ/w256-h400/8d86eaf32d8ea55bc379c13e7dc0f8d2.jpg" width="256" /></a></div><br /><div style="font-style: italic; text-align: right;"><br /></div><div style="font-style: italic; text-align: right;"><br /><i><br /></i></div>Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-1598336247959248982020-09-28T03:55:00.003-03:002020-09-28T03:55:42.825-03:00O Barulho do Vidro<p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Foi o barulho que indicou aos meus ouvidos que aquele era o limite entre minha testa e o vidro da janela do meu quarto. Obviamente que o toque daquela superfície tão transparente, e fria devido à mudança de tempo dos últimos dias, me entregava a mesma mensagem: havia algo entre eu e o lá fora.</p><p style="text-align: justify;">Respiro fundo. Eu sei que vidro é vidro no fim das contas, mas havia uma certa poética, bonita até, em ver minha respiração tornando aquela coisa visivelmente invisível em algo úmido, torto e real, como se revelasse sua natureza dissimulada, que até então tentava se esconder bem diante da minha cara. </p><p style="text-align: justify;">Respiro de novo, dessa vez propositadamente para aumentar a mancha de respingo crescente, que aquele vapor que vinha de dentro de mim causava. E crescia igual doença: lenta e precariamente lutando para se impor de mim para o vidro, em uma passagem direta, rápida e extremamente contagiosa.</p><p style="text-align: justify;">Eu estava vencendo, sabe? O vidro já demonstrava sinais de fraqueza, revelando sua essência turva depois que minhas gotas, de internas a externas, lavaram seu disfarce de bom moço e trouxeram à tona o ser sádico que ele sempre fora. Não havia melancolia da chuva escorrendo por ele, mas sim a minha escravidão borrada atrás da neblina entre nós dois. </p><p style="text-align: justify;">Mas até onde os meus pulmões aguentariam aquela briga? Desenho um rosto sorridente com meu dedo e vejo São Paulo exatamente por meio daquele sorriso, que parecia tão devasso quanto inocente. Sinto raiva e me arrependo de não ter desenhado também uma máscara que cobrisse aquela boca torta, que profanava aquela visão, ao mesmo tempo que me permitia enxergar mais claramente. </p><p style="text-align: justify;">Bato com a testa mais uma vez. O bar está aberto na esquina de casa e eu escuto alegria, mesmo que abafada pelo vidro. O sorriso desenhado me conta as histórias daqueles homens e eu as escuto pacientemente, já que não tem nada para fazer nos próximos meses. Vejo estrelas piscando no céu e respiro fundo pela última vez, quase um suspiro de desistência. </p><p style="text-align: justify;">Com a ponta do dedo, escrevo meu nome sobre a nova mancha que surgiu de dentro de mim no vidro. Ambos apagados, à beira do desfoco após tanto desfalque de nossas naturezas. Me solidarizo com a pobre superfície, por incrível que pareça. Não havia mais invisibilidade, tampouco intimidade preservada. </p><p style="text-align: justify;">Tudo estava perdido, sob uma neblina que eu mesmo criei com uma única respiração. O molhado da superfície já quase refletia o meu reflexo e, honestamente, aquilo seria demais para mim. Chega! Tento limpar minha arte com as costas da mão direita, mas só espalho meu nome, e o sorriso, pelo mesmo espaço. Tudo continuava sujo, turvo e continuava o mesmo.</p><p style="text-align: right;"><i>Douglas Ibanez</i></p><p style="text-align: right;"><i>(02/09/2020 - 03:11)</i><i> </i></p><p style="text-align: right;"><i></i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><a href="https://1.bp.blogspot.com/-R5ZPYvLhG7k/X3GIQqfHnZI/AAAAAAAAH2Y/SEnWu61AVMM-LbAlBCAbNDZhJ92Rb6zkACLcBGAsYHQ/s1370/shadow-window-shadow-play-light.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1370" data-original-width="910" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-R5ZPYvLhG7k/X3GIQqfHnZI/AAAAAAAAH2Y/SEnWu61AVMM-LbAlBCAbNDZhJ92Rb6zkACLcBGAsYHQ/s320/shadow-window-shadow-play-light.jpg" /></a></i></div><i><br /></i><p></p>Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-55892388526036689072020-08-18T02:53:00.000-03:002020-08-18T02:53:47.089-03:00Eu, Bissexto<br />
O relógio não gira,<br />
só que o tempo passa direto<br />
pelo meus dedos,<br />
não como areia de ampulheta,<br />
- antes fosse! -<br />
mas como poeira que o tempo,<br />
esse bendito tempo,<br />
não contou em seus segundos.<br />
Sabe aquele resto de tempo,<br />
tão incontável,<br />
tão esquecível,<br />
que do resto vira resto?<br />
Que vira bissexto?<br />
Pois é isso que escrevo, todos os dias,<br />
na poeira impregnada<br />
nas paredes do meu quarto.<br />
Eu me sinto bissexto, desde ontem,<br />
ou seria desde março?<br />
Talvez desde outubro desse ano<br />
que ainda não chegou e já se foi?<br />
Sei lá... teve domingo também.<br />
São quatro em quatro em anos<br />
dentro de um único lapso de dia.<br />
Tenho sobrevivido<br />
e o dia 29 de fevereiro continua marcado<br />
no calendário sem importância<br />
do dia após dia.<br />
Um sentimento bissexto,<br />
completamente aleatório,<br />
dispensável apesar de necessário,<br />
só para que a rotação continue<br />
em uma quarentena regada<br />
aos olhos do que mais tememos.<br />
E eu tenho rodado, como eu tenho (...)<br />
e estou cansado de tanto rodar,<br />
de tanto anseio sem definição,<br />
das palavras escritas que caíram do teto<br />
e se espalham em meio às roupas jogadas.<br />
Não tem fim,<br />
nem um começo.<br />
E eu aqui, escrevendo para o tempo<br />
que parte de novo e me parte de jeito,<br />
escorrendo sem pressa nenhuma,<br />
mas com toda a velocidade<br />
que poderia se dispor.<br />
Que assim seja!<br />
Que assim seja!<br />
<br />
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<i>Douglas Ibanez </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>(18/08/2020 - 2:39)</i></div>
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<a href="https://1.bp.blogspot.com/-gtroyWsTRo8/XztsDN_GksI/AAAAAAAAHzg/_pE4atehKEwKNirL3UuxVYduhvF-ASP6ACLcBGAsYHQ/s1600/29189954-picture-of-hourglass-silhouette-on-black-background.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="450" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-gtroyWsTRo8/XztsDN_GksI/AAAAAAAAHzg/_pE4atehKEwKNirL3UuxVYduhvF-ASP6ACLcBGAsYHQ/s320/29189954-picture-of-hourglass-silhouette-on-black-background.jpg" width="320" /></a></div>
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<i><br /></i></div>
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<i><br /></i></div>
Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-9757815014530175842020-07-08T16:24:00.000-03:002020-07-08T16:24:04.578-03:00Ah (...) o céu!<br />
Eu olhei para o céu<br />
e vi o céu.<br />
Enchi os pulmões<br />
com o presente que me dava,<br />
<br />
guardando um de seus<br />
dentro da imensidão que era<br />
estar apaixonado pela liberdade<br />
que o lado de dentro me permitia.<br />
<br />
Eu me via<br />
e ele me ampliava,<br />
me deixava solto em minha imagem,<br />
me amava exatamente<br />
<br />
pela possibilidade de me livrar<br />
de amarras que sussurram.<br />
Ele me grita no ar,<br />
me desenha nas nuvens,<br />
<br />
como um pedaço de arte<br />
forjado para ser livre.<br />
Há grades entre nós,<br />
há graves entre todos,<br />
<br />
mortos e feridos,<br />
e ele ali, me reconhecendo de volta,<br />
me acarinhando ao dizer meu lugar,<br />
que não se cumpre.<br />
<br />
O amor pelo céu que eu vi,<br />
me viu de volta e disse<br />
o quão nele eu estava,<br />
por em mim eu estar,<br />
<br />
sem meios nem meios<br />
de chegar onde eu não quiser,<br />
pois o que eu queria me queria<br />
e me liberava de dentro para o mundo.<br />
<br />
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<i>Douglas Ibanez </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>(12:17 - 23/04)</i></div>
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<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-6PGgCwO3s8M/Xvo_3za-u2I/AAAAAAAAHy8/K-jPPLSBSfkfiozgygAR3XV5Uwgo-S3eQCLcBGAsYHQ/s1600/nuvens-brancas-sobre-fundo-preto_62856-4057.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="378" data-original-width="626" height="241" src="https://1.bp.blogspot.com/-6PGgCwO3s8M/Xvo_3za-u2I/AAAAAAAAHy8/K-jPPLSBSfkfiozgygAR3XV5Uwgo-S3eQCLcBGAsYHQ/s400/nuvens-brancas-sobre-fundo-preto_62856-4057.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-21690592594764756792020-06-29T16:05:00.000-03:002020-06-29T16:05:40.043-03:00O lidar que me nasceu<br />
O dedilhar singelo da ansiedade,<br />
em notas de melodia<br />
flutuando nos limites da imaginação<br />
de minha linha periférica do sentir.<br />
<br />
Levanto-me inteiro, pelo braço direito,<br />
e transpasso o véu que me cobre de noite.<br />
Sonhos inquietos num caldeirão<br />
girando diante dos meus olhos.<br />
<br />
São densos, periodicamente complexos,<br />
dentro de sua individual complexidade,<br />
com tamanha fartura de liquidez<br />
que me escorre pelos cotovelos,<br />
<br />
me banhando,<br />
me encontrando<br />
e se despedindo a cada novo toque<br />
que deixou eternamente para trás<br />
<br />
ao tocar o novo<br />
e penetrar o desconhecido.<br />
Meus dedos dançam,<br />
meus sonhos os beijam,<br />
<br />
e eu me envolvo numa coreografia,<br />
com a prudência do improviso sussurrando<br />
pelo meu corpo:<br />
um eco e um sopro<br />
<br />
de um depois que preciso<br />
deixar para trás.<br />
Eu preciso, sim, e dedilho as mesmas notas<br />
que me consomem pelo controle.<br />
<br />
Um abstrato girando, contorcionismo<br />
de palavras minhas - letras que inventei!<br />
Eu as escrevo durante o banho<br />
e vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem...<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Douglas Ibanez </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>31.05.2020 - 1:00</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-kgI6bfDYwOc/Xvo7Fcy3EpI/AAAAAAAAHyw/oIN9D0L2bVQjD9PXB_3HeeDTw6scmCmtACLcBGAsYHQ/s1600/maxresdefault.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="225" src="https://1.bp.blogspot.com/-kgI6bfDYwOc/Xvo7Fcy3EpI/AAAAAAAAHyw/oIN9D0L2bVQjD9PXB_3HeeDTw6scmCmtACLcBGAsYHQ/s400/maxresdefault.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-48206421710761075862020-05-29T01:44:00.000-03:002020-05-29T01:44:27.710-03:00Grãos do Amanhã-Agora<br />
Eu desmorono<br />
e o fragmento escorrega<br />
pelo meu corpo tão fraco<br />
feito de carne e ossos,<br />
que se sentem tão expostos<br />
no alto de minha vulnerabilidade<br />
sensível<br />
ao meu próprio toque.<br />
<br />
Nem sempre há respostas, entende?<br />
Quando a terra desce sem motivos,<br />
por motivos de tremores,<br />
ela deixa suas naturezas<br />
remetentes<br />
para trás, num ponto de vista único,<br />
entretanto,<br />
descompleto, desperdiçado e espalhado.<br />
<br />
Eu sinto o arrepio<br />
coçando meu peito<br />
de dentro para fora,<br />
buscando orifícios por onde possa<br />
desaguar sua poeira,<br />
complexa<br />
em sua busca pela vida<br />
no entendimento do que vem depois.<br />
<br />
Se ao pó tornarás,<br />
porque o derramo?<br />
O seguro na mão, ansioso,<br />
soprando castelos que<br />
se desmancham,<br />
assim como eu.<br />
Eu sinto os tremores,<br />
e não me seguro.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Douglas Ibanez </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>(29.05.2020 - 1:23) </i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-9uYEYKiRcro/XtCR5tKbSGI/AAAAAAAAHx0/sEjVnYuoK8kN5g5ZWB5Imc2lAv_J4W-LwCLcBGAsYHQ/s1600/sand-dust-explosion-background.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="607" data-original-width="910" height="266" src="https://1.bp.blogspot.com/-9uYEYKiRcro/XtCR5tKbSGI/AAAAAAAAHx0/sEjVnYuoK8kN5g5ZWB5Imc2lAv_J4W-LwCLcBGAsYHQ/s400/sand-dust-explosion-background.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-25293883845078775752020-05-17T00:43:00.002-03:002020-05-17T00:45:07.267-03:00O Garoto que Sabia Demais<br />
Eu me olho no espelho e encaro,<br />
com a sabedoria de um esquisito senhor,<br />
um garoto que não sabia mentir<br />
sobre o que achava de si mesmo.<br />
<br />
Há um pesar em seu olhar solitário,<br />
que nunca se perdeu pelos caminhos<br />
que por aí conheceu.<br />
Muito pelo contrário!<br />
<br />
Somente o enriqueceu e o cobriu<br />
de toda a certeza de que o mundo é o seu lar,<br />
tão belo como um potinho de vidro<br />
coberto por gotas da chuva.<br />
<br />
Ah e os meus cabelos se alteram como alma,<br />
tão sorridentes que brilham no reflexo,<br />
como se escrevessem páginas mistas<br />
de todos os amores-próprios que poderia sentir.<br />
<br />
E há maior substantivo próprio<br />
do que amor que próprio assim se torna,<br />
depois de tanta simplicidade dita a si mesmo,<br />
como uma palavra com letra minúscula?<br />
<br />
Eu sinto o vento no rosto,<br />
calmo como deve ser.<br />
Inspirador aos extremos<br />
das raízes letradas que me constroem<br />
<br />
e o esquisito senhor me consagra,<br />
finalmente depois de tanta graça,<br />
como o garoto que sabia demais<br />
e de menos e de mais um pouco ali além.<br />
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Douglas Ibanez </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>(18.02.2020 - 21:14)</i><br />
<i><br /></i>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-yfQNDTIAGA8/XsCyuZfF17I/AAAAAAAAHxY/spTfG3NOM-A3RC4q7gonQMw8P1k9NHP6QCLcBGAsYHQ/s1600/Space%2Bboy.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="849" data-original-width="600" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-yfQNDTIAGA8/XsCyuZfF17I/AAAAAAAAHxY/spTfG3NOM-A3RC4q7gonQMw8P1k9NHP6QCLcBGAsYHQ/s320/Space%2Bboy.jpeg" width="226" /></a></div>
<i><br /></i></div>
Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-18806895345865963332019-12-31T16:00:00.000-03:002019-12-31T16:00:04.442-03:00Resmo<br />
Chove lá fora,<br />
gota após gota,<br />
como dias de verão<br />
gelado, para minha surpresa.<br />
<br />
Há silêncio no quarto e<br />
batemos um papo tranquilo, sabe?<br />
Do tipo que me faz entender<br />
o gosto do meu sabor,<br />
<br />
outrora perdido,<br />
outrora escrito em folhas do meu caderno,<br />
mas sempre aqui.<br />
O silêncio me traz café,<br />
<br />
eu gosto.<br />
Escuto a chuva e escrevo um poema,<br />
sobre o distanciamento que vivi<br />
por tanto tempo de mim mesmo.<br />
<br />
Roço meus pés, o esquerdo no direito,<br />
mais precisamente,<br />
e me amo por segundos. Bebo,<br />
como se estivesse sozinho,<br />
<br />
sorrio, sabendo exatamente disso.<br />
Como é bom, não é mesmo?<br />
Como é fértil uma vida de solitudes<br />
em pleno contexto de si mesmo.<br />
<br />
Me deito com o silêncio,<br />
o abraço de conchinha<br />
e faço amor com minhas palavras,<br />
ainda chovendo lá fora,<br />
<br />
ainda amando a mim mesmo,<br />
ainda em segundos.<br />
Escrevendo versos nos lençóis<br />
tão cheios de amassos e abraços e amores.<br />
<br />
Entrelaço as pernas,<br />
toques e pelos.<br />
O silêncio suspira.<br />
Lhe faço carinho por dentro e não o solto.<br />
<br />
Ele cantarola, eu o acompanho,<br />
sorrindo.<br />
Clarões da janela e chove lá fora,<br />
aqui dentro, por dentro e por fora,<br />
<br />
entende o quero dizer? Não?<br />
Tudo bem, só faz silêncio, então.<br />
Faz igual ele, o próprio silêncio,<br />
que eu me amo por segundos,<br />
<br />
por palavras, por dores e pudores,<br />
em suores do outro e do mim mesmo,<br />
do outrora e do agora,<br />
do aqui dentro e do lá fora.<br />
<br />
Pelas resmas eu me junto e<br />
vou criando uma fragilidade<br />
na beirada do meu imaginário.<br />
Pensamento tão portátil, tão fajuto!<br />
<br />
É... há tempos não me sinto como nunca:<br />
o nunca antes do escrever sozinho,<br />
na quietude da minha noite vazia,<br />
porém imensa como o meu ser deve ser.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Douglas Ibanez </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>(28.12.2019 - 04:43)</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-4_IVdrUZFvg/XgcKe1uJduI/AAAAAAAAHvQ/J4DSAusNQlcStL7CWwO_27j2P86mU-EXQCLcBGAsYHQ/s1600/95d08346f3e3d93d03ca7c3e0526baf2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1308" data-original-width="736" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-4_IVdrUZFvg/XgcKe1uJduI/AAAAAAAAHvQ/J4DSAusNQlcStL7CWwO_27j2P86mU-EXQCLcBGAsYHQ/s320/95d08346f3e3d93d03ca7c3e0526baf2.jpg" width="180" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<br />Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-22623944770225387212019-09-25T00:56:00.000-03:002019-09-25T00:56:46.704-03:00Nasceu uma rosa na laranjeira<br />
Há um eu no meio do nada,<br />
Sob um foco de luz, respiramos.<br />
Sem teu colo como nunca houve,<br />
Onde palavras se decolam.<br />
<br />
O eu levanta os braços, com plumas,<br />
Laranjas como os laranjais, longas,<br />
Distantes como aquelas que ele colou.<br />
Distorce o passado e repuxa o que veio.<br />
<br />
No ápice do descobrimento, bem lá,<br />
Há outra cor estrangulada, sem efeito,<br />
Nem defeito: não poderia - pretérito.<br />
Não vai se ter, perfeito mais que futuro.<br />
<br />
Uma rosa no laranjal, desconhecida,<br />
É bruxaria!<br />
Feita de magia bruta, bruxa e natural,<br />
Uma força da natureza, embebedada de algo.<br />
<br />
Um beber do eu, tão bêbado quanto o equilibrista,<br />
Chorando aos ratos, sem entender-se,<br />
No paraíso que lhe veio a imagem,<br />
Como restos de um vídeo que se foi.<br />
<br />
Vestiu o chapéu, o príncipe dos ratos,<br />
Com orelhas ouvintes a detalhes assíduos!<br />
Um, dois e mais! São pratos, são limpos,<br />
Sem toque ou destoque, somente a imensidão.<br />
<br />
E é imenso, como é, o que batia ali dentro,<br />
Fosse o amor ou a fome - ambos,<br />
Quem sabe?<br />
Pois o gato comeu-lhe o próprio sorriso. Foi isso.<br />
<br />
Brilhou em espirais com plumas ainda pelo corpo.<br />
E depois pediu perdão, olhando aquele ano,<br />
Ajoelhado em si mesmo, como quem não se entende,<br />
Dança o teu caminho, não o nosso! Não!<br />
<br />
Mas tanto faz, no fim das contas.<br />
Já era, já foi. O caminho era longo e pedia botas.<br />
Armas para uma guerra, do eu contra eu,<br />
Sem música exata. Sem arte cabível!<br />
<br />
Correu pelo seu, chegou a algum,<br />
Gostou do que viu e ali se sentou. O eu, sabe?<br />
Se amarrado, como um livre elástico,<br />
Esvaiu em um triste flácido movimento pardo.<br />
<br />
Sentindo-se horrível, perdeu o seu rosto,<br />
Procurou em si mesmo, nos outros, no palco.<br />
Olhou a plateia, não tinha ninguém.<br />
Era isso: sem o alguém.<br />
<br />
Tons pastéis injetados nos olhos da máscara alva<br />
Que lhe escorriam corretamente<br />
O que as mãos tentavam esconder,<br />
Os olhos nas palmas, assim eram.<br />
<br />
Do alto do pé caiu-lhe uma laranja,<br />
Cortou o elo. Sentiu o choro que veio,<br />
Pedindo arrego pelo calor do seio,<br />
Lhe dando de mamar com mais do tal eu.<br />
<br />
Se dança em lambuzal,<br />
O suor rega,<br />
Do linóleo nasce<br />
Aquela desgraça tão envolvente.<br />
<br />
Chocado no chão, decide aprender a andar,<br />
Com paus que encontrou perdido do lado de fora,<br />
Que foram seus em outros dias,<br />
Tão distantes quanto as plumas que o outro colou.<br />
<br />
Anda nas pernas, anda!<br />
Encobre suas mãos, reaprende e vai embora,<br />
Degola o agora e decora o que é teu.<br />
Participe de um particípio, do presente.<br />
<br />
Deveras,<br />
Sem teias.<br />
Sem alturas com vista da queda,<br />
Com o baixo desorganizado, do tipo que se organiza.<br />
<br />
Desandou e se foi, com folhas da rosa,<br />
Maldita, porém eterna - no peito.<br />
Banhado pelo seu suco, doce como um gomo,<br />
Caído como uma gota.<br />
<br />
O longe era o eu do tal foco,<br />
Em quatro faixas escuras, marcadas previamente,<br />
Sentado em assentos vazios,<br />
Desesperado em acordar sem querer de si.<br />
<br />
Laranja como a laranja,<br />
Nascida do amor da terra,<br />
Paciente ao longo da vida, perdida, tão perdida, coitada,<br />
Sem fogo para o diante adiante do eu.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Douglas Ibanez </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>(1h17 - 27.11.2018)</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-8s3aPitM7uM/XYrk7954SyI/AAAAAAAAHpE/nMvpOcgVA_cIFWpI394HsPRFr8dEjnu5wCLcBGAsYHQ/s1600/rose-orange-black-background.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="615" data-original-width="351" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-8s3aPitM7uM/XYrk7954SyI/AAAAAAAAHpE/nMvpOcgVA_cIFWpI394HsPRFr8dEjnu5wCLcBGAsYHQ/s320/rose-orange-black-background.jpg" width="182" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-82639846759648023932019-09-06T01:10:00.000-03:002019-09-06T01:10:15.188-03:00Raposa<br />
E essa minha mania<br />
de me perder nos detalhes que crio, exatamente, para não me perder.<br />
<br />
São mapas geométricos,<br />
que definem uma ordem libertária<br />
numa obra ré primária no quesito liberdade.<br />
<br />
Eu corro por meio de listas,<br />
danço por entre espaços de uma linha e outra,<br />
sinto o vento na cara, nas mãos, nos pelos.<br />
<br />
Ah, o prazer da perfeição!<br />
Corre, escorre e perfura como goteira,<br />
gozado como o orgasmo, molhado como a ferida.<br />
<br />
Perdido feito um tiro inocente,<br />
que mata no meio da rua por olhos tortos demais,<br />
com audiência desconhecida e palmas de gente morta.<br />
<br />
Eu corro no meio do mato,<br />
me deito em terra vermelha, bagunço<br />
a bagunça de minha existência.<br />
<br />
Laranja como meu pelo, no meio: silêncio do meu costume.<br />
Olho as estrelas, de olhos fechados,<br />
escrevo um poema, sem pena, em pontos traçados do resistir.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Douglas Ibanez</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>(10.08.2019 - 02h05)</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><span style="color: orange;">Feliz aniversário, Doug!</span></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><span style="color: orange;">:) </span></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-Pe6D9PTFEBE/XXHbtoVhS0I/AAAAAAAAHoY/nEpHGsbMFKEUAzcsurjPW-XCscQ7PzbigCLcBGAs/s1600/images%2B%252814%2529.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="451" data-original-width="680" height="212" src="https://1.bp.blogspot.com/-Pe6D9PTFEBE/XXHbtoVhS0I/AAAAAAAAHoY/nEpHGsbMFKEUAzcsurjPW-XCscQ7PzbigCLcBGAs/s320/images%2B%252814%2529.jpeg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-21088859270416779422019-08-29T00:32:00.000-03:002019-08-29T00:32:10.152-03:00Artéria<br />
Arte não é arte,<br />
é artéria<br />
que abre caminho, despeja<br />
e me inunda com força, sem freio.<br />
<br />
Me leva de volta, se encaixa<br />
nos encaixes tão escondidos,<br />
como natureza estando presente,<br />
vivendo no soco de todos os dias.<br />
<br />
É lá que ela explode,<br />
deflora, reflora e floresce, borbulha em cores<br />
e letras, sem melodia,<br />
em canções invisíveis que bombam.<br />
<br />
Escorrendo por todo o meu corpo,<br />
por todo o sagrado.<br />
É aquarela, é meu, sou eu<br />
e transborda ao mundo pela verdade,<br />
<br />
minha verdade,<br />
que inspira e transpira perfeccionismo,<br />
perfeccionista!<br />
Calculado, real em movimentos.<br />
<br />
Olho o que olha de volta.<br />
Reflito sob olhar faminto do irreconhecível,<br />
seria eu um produto perecível,<br />
digno de entrar na boca do outro humano?<br />
<br />
Seria arte chorar?<br />
Seria ela sentir o que for o que vida lhe dá?<br />
Se o poeta se finge, na beirada do real,<br />
seria eu o realista quase caindo no abismo do fingimento?<br />
<br />
Eu agonizo no palco, danço minhas letras,<br />
que, com licença, fazem sentido no meu contexto.<br />
Sangrei, sigo pingando,<br />
cansado e me envolvendo em meu gozo<br />
<br />
tão pessoal que só eu sei ler.<br />
Grito no pulsar de um nirvana,<br />
vejo a luz escorrendo em meu rosto,<br />
que escorre por uma veia e retorna à exatidão.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Douglas Ibanez</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>(19.08.2019 - 23h23)</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-qPgy1AcqVVc/XWdG8iF_meI/AAAAAAAAHoM/Hh0Spm8Ac9QmgRNsQwxWtqluNKgGv6fegCLcBGAs/s1600/flow2_mini.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="620" data-original-width="620" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-qPgy1AcqVVc/XWdG8iF_meI/AAAAAAAAHoM/Hh0Spm8Ac9QmgRNsQwxWtqluNKgGv6fegCLcBGAs/s320/flow2_mini.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div>
<br /></div>
Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-11366307381867596872019-07-04T02:05:00.000-03:002019-07-04T02:05:21.912-03:00Espectro<br />
Eu olho ali para a minha frente,<br />
tão perto do que eu tenho.<br />
É azul e laranja, tão tênue<br />
quanto um sopro de vida e morte.<br />
<br />
Sinto medo.<br />
Escuto o piano<br />
tocando coisas<br />
tão tênues quanto o azul e o laranja,<br />
<br />
uma canção que eu havia de repelir,<br />
que não queria, por já querer.<br />
Ficou velho como o laranja amassado,<br />
podre como o azul vencido.<br />
<br />
E agora? Deixo seguir, deixo escorrer,<br />
como uma certeza tão louca<br />
que pula do abismo, completamente nu,<br />
respirando devagar o laranja e o azul.<br />
<br />
Vejo rostos, sem olhos e sem barbas.<br />
Inspiro ao agrado<br />
e desenho o contorno laranjamente,<br />
no azul salpicado que reflete o céu.<br />
<br />
Erroneamente, não quero nomes,<br />
quero liberdade de escolher ao léu,<br />
o laranja que ama a si mesmo,<br />
no composto do azul no banco de réu.<br />
<br />
Vi nuvens e medos, ainda os vejo,<br />
mas os deixo azul claro que também é vida,<br />
com gosto de alma que continua perdida,<br />
laranjeando a si mesmo<br />
<br />
com gosto<br />
do aqui,<br />
do ali e<br />
do acolá.<br />
<br />
Laranja<br />
como o que sou,<br />
um novo azul<br />
como o que há.<br />
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Douglas Ibanez</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>(04.07.2019 - 01h10)</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-twtVQUeELHk/XR2IF5AnA2I/AAAAAAAAHnc/jBgdRvKa5PUa24wf0wZN0BrrwRaqkZXHACLcBGAs/s1600/_20190704_013542.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1407" data-original-width="1080" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-twtVQUeELHk/XR2IF5AnA2I/AAAAAAAAHnc/jBgdRvKa5PUa24wf0wZN0BrrwRaqkZXHACLcBGAs/s320/_20190704_013542.JPG" width="245" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-38176839289625411622019-06-28T01:41:00.000-03:002019-06-28T01:41:21.879-03:00Fagócitos<br />
Eu nado na beira do mar,<br />
sinto aquela areia escura.<br />
<br />
Entre meus dedos,<br />
entra em meus beijos - esquisito.<br />
<br />
Me puxa para baixo,<br />
mordisca minha pele, desvejo<br />
<br />
e desejo o aperto.<br />
O escuro me aconchega, sem fardos.<br />
<br />
Mas afasto para outro dia,<br />
quem sabe mais tarde?<br />
<br />
Precisamos marcar! Revejo<br />
sem ansiar pelo raso daquela praia,<br />
<br />
mais uma vez. Já basta, sabe?<br />
Eu olho torto, limpo meus poros<br />
<br />
entupidos de areia cinza, escura,<br />
molhada com restos do mesmo,<br />
<br />
tão qual já foi, tão qual já é.<br />
Faz parte de ti, entende?<br />
<br />
Eu entendo!<br />
Mas receio pela beirada,<br />
<br />
que nunca deixa de beirar<br />
o que tem no meio,<br />
<br />
tão oco, tão fundo,<br />
vazio como uma represa,<br />
<br />
que mata,<br />
sussurra.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Douglas Ibanez </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>(18.06.2019 - 01h58)</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-MLEhhL7sJAY/XRWaILqK6SI/AAAAAAAAHnM/Cc3kyywExhEmIsmfl3Vyg114IERXzakXwCLcBGAs/s1600/images%2B%25287%2529.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="334" data-original-width="500" height="266" src="https://1.bp.blogspot.com/-MLEhhL7sJAY/XRWaILqK6SI/AAAAAAAAHnM/Cc3kyywExhEmIsmfl3Vyg114IERXzakXwCLcBGAs/s400/images%2B%25287%2529.jpeg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-18065443135063606182019-06-03T01:10:00.000-03:002019-06-03T01:10:13.781-03:00Puto<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Noites são feitas para os meus poemas,</div>
<div style="text-align: left;">
Escritos por um puto que não consegue dormir,</div>
<div style="text-align: left;">
Pensando na arte que lhe goza na mão</div>
<div style="text-align: left;">
Como letras de quem morre de amor.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
E eu amo, como amo!</div>
<div style="text-align: left;">
O reflexo do espelho que minha lua me mostra,</div>
<div style="text-align: left;">
Contando os detalhes do colorido</div>
<div style="text-align: left;">
Que desce em arco das nuvens ao meu dispor.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Também há os tons de casas velhas,</div>
<div style="text-align: left;">
Fotografias antigas e rosas </div>
<div style="text-align: left;">
Em meio a livros que eu mesmo escrevi,</div>
<div style="text-align: left;">
Cuja letra eu tombo sublime como minhas ideias.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Eu abri a janela sem perceber,</div>
<div style="text-align: left;">
Em busca do ar que a noite me entrega,</div>
<div style="text-align: left;">
Comendo pedaços da lua, da minha de novo,</div>
<div style="text-align: left;">
Tão dourados quanto o sol da manhã seguinte.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Esfrego os pés, crio faísca, luminária! </div>
<div style="text-align: left;">
Poesia? </div>
<div style="text-align: left;">
Faço um arco, desenho minha dança, </div>
<div style="text-align: left;">
Desço em minha cama e descanso, me inspiro.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Repouso sem saber quando, </div>
<div style="text-align: left;">
Tão puto quanto estive sempre, às beiradas, </div>
<div style="text-align: left;">
Me toco em despedida, escrevo, </div>
<div style="text-align: left;">
Confesso, me entrego desgonexo e desapareço. </div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Douglas Ibanez </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>06.05.2019 - 09h05</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-Y8CficoYtUA/XPSdVPSdC7I/AAAAAAAAHm4/GL-frQBXFVgQ4FadoAzaHr_uxkFf-ZheACLcBGAs/s1600/cat_eyes_striped_black_background_56739_4288x2848.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1063" data-original-width="1600" height="212" src="https://1.bp.blogspot.com/-Y8CficoYtUA/XPSdVPSdC7I/AAAAAAAAHm4/GL-frQBXFVgQ4FadoAzaHr_uxkFf-ZheACLcBGAs/s320/cat_eyes_striped_black_background_56739_4288x2848.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-80440208607030917622019-05-13T00:41:00.000-03:002019-05-14T22:35:42.467-03:00Cansado de todos vocês<br />
Portas cerradas, lado a lado<br />
De uma parede gelada.<br />
Escuto gemidos, escuto perdidos,<br />
Perdidos no ventre.<br />
<br />
Então entre!<br />
Não precisa bater, mas me bata,<br />
No corpo, na cara,<br />
Na alma lavada em torcer absorto.<br />
<br />
Olho no mágico do olho,<br />
Olho-me olhando de volta.<br />
Boca torta, vontades ilusórias<br />
Em desilusões de daqui a cinco minutos.<br />
<br />
Na próxima, olho-me sem o eu,<br />
Que não é o mesmo que o meu.<br />
Nos conhecemos, perdidos,<br />
Perdendo vazio... beijando o vácuo.<br />
<br />
Eu conhecia todos eles,<br />
E eles conheciam todos de mim.<br />
Luzes se apagam, lâmpadas estouram<br />
Como reflexos à velocidade cortante.<br />
<br />
Quando eu era mais velho, há segundos,<br />
Eu não entendia.<br />
Seria o conhecer do outro o intuito<br />
De uma frequente forma de covardia?<br />
<br />
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<i>Douglas Ibanez </i></div>
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<i>(24.04.2019 - 1h25)</i><br />
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<a href="https://3.bp.blogspot.com/-fbKX1uNx90I/XNZEWdewS_I/AAAAAAAAHmk/JjQhtIWC0kIkRYqKnSy8LtJ4p7gMmBM2wCLcBGAs/s1600/lgvuqjnuysxg8jr3ivpn.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="800" height="225" src="https://3.bp.blogspot.com/-fbKX1uNx90I/XNZEWdewS_I/AAAAAAAAHmk/JjQhtIWC0kIkRYqKnSy8LtJ4p7gMmBM2wCLcBGAs/s400/lgvuqjnuysxg8jr3ivpn.png" width="400" /></a></div>
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Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-63319545241891040852019-05-06T01:51:00.001-03:002019-05-06T01:51:51.987-03:00Da minha janela<br />
Eu sou míope, sabe?<br />
Entretanto, esta noite, tirei os vidros<br />
Na curiosidade de ver, antes que acabe,<br />
O que escuto com meus ouvidos.<br />
<br />
Ah!<br />
Cheiro de noite, vazio de tão cheio,<br />
Repleto de foices e doces,<br />
Da verdade crua das esquinas que não noto.<br />
<br />
Eu vejo no fundo, luzes, desmioladas,<br />
E voto para que estejam<br />
Sentadas no horizonte, balançando pernas.<br />
São menininhas.<br />
<br />
Bolhas de luz espalhadas, civilizadas,<br />
Contando a história de um sono interrompido,<br />
Desnutrido por sua fissura,<br />
Bebendo d'água no frio do momento.<br />
<br />
Olho a mesa, mesmo que míope,<br />
Toco a brochura e o dever me chama.<br />
Falta tinta, falta vontade.<br />
E eu volto para o horizonte - como amo!<br />
<br />
Percebo outras luzes,<br />
Longas como serpentes.<br />
Estão vazias de um dia que dormiu.<br />
Eu sinto o suor e o barulho.<br />
<br />
Vejo essências andando, como almas<br />
Em contraste com suas sombras,<br />
Vagando em batalhas<br />
Em universos isolados, que sorriem.<br />
<br />
Está tudo bem e as bolhas de luz,<br />
Aquelas mesmas, lá do começo,<br />
Também andam pelas serpentes,<br />
Devagar, como parasitas bem-vindos.<br />
<br />
O cheiro do ar é inconfundível,<br />
Aroma do sono que me foi tirado,<br />
Gelado como um beijo tardio,<br />
Renovador como banho salgado.<br />
<br />
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<i>Douglas Ibanez </i></div>
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<i>(06.05.2019 - 1h18)</i></div>
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<br /></div>
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<a href="https://3.bp.blogspot.com/-HNXXh0CJ_Is/XM-9G3BZtdI/AAAAAAAAHmQ/fRvBA9ApBdkEbY4EOXx0a-hW53vsmij5QCLcBGAs/s1600/90d080e7cf4d8bd05da04c7ca1dd9581--celestial-sphere-fractal-art%2B%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="243" data-original-width="324" height="300" src="https://3.bp.blogspot.com/-HNXXh0CJ_Is/XM-9G3BZtdI/AAAAAAAAHmQ/fRvBA9ApBdkEbY4EOXx0a-hW53vsmij5QCLcBGAs/s400/90d080e7cf4d8bd05da04c7ca1dd9581--celestial-sphere-fractal-art%2B%25281%2529.jpg" width="400" /></a></div>
Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-91153624888586162152019-04-24T00:32:00.000-03:002019-04-24T00:32:03.860-03:00Lactose<br />
Vejo a lua ali,<br />
Do lado de lá<br />
Da rua de cá.<br />
<br />
Tão linda, que formosura!<br />
Me chama depois (...)<br />
Proclama nós dois.<br />
<br />
Não a via como outrora,<br />
E desvi de tanto ver.<br />
Já sei bem, sua beleza.<br />
<br />
Como lua me devora,<br />
Feito água em pedra dura,<br />
Desgastando, desgostando.<br />
<br />
Foi-se uma, peguei ranço.<br />
Veio outra, bela mente.<br />
Brilho eterno, com lembranças.<br />
<br />
Do queijo,<br />
Do beijo<br />
E do novo, de novo.<br />
<br />
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<i>Douglas Ibanez </i></div>
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<i>(16.12.2018 - 01h31)</i></div>
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<a href="https://3.bp.blogspot.com/-fZG06jGGID8/XL_YfahUSHI/AAAAAAAAHl8/a0R3LCJEiKIReQxJRAMaFvhnt34k5qCDACLcBGAs/s1600/milk-splashes-white-cup-black-background_8353-1509.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="417" data-original-width="626" height="213" src="https://3.bp.blogspot.com/-fZG06jGGID8/XL_YfahUSHI/AAAAAAAAHl8/a0R3LCJEiKIReQxJRAMaFvhnt34k5qCDACLcBGAs/s320/milk-splashes-white-cup-black-background_8353-1509.jpg" width="320" /></a></div>
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Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6247118448486409043.post-22883557446607051412019-04-03T23:04:00.000-03:002019-04-03T23:04:25.321-03:00Anxious<br />
Eu acordo cedo amanhã, sabe?<br />
E eu tento fechar meus olhos,<br />
Como quem espera por um amanhã<br />
De maneira tão perfeita quanto clara.<br />
<br />
Mas vejo traços no meu teto,<br />
De um amanhã nublado,<br />
Espirrados na luz da noite do agora,<br />
Por meio de minha janela fechada.<br />
<br />
O vento gelado toca meus pés,<br />
Propositadamente sem querer.<br />
Quase como um carinho rasgado,<br />
Nublado, de novo, por suas frestas.<br />
<br />
Eu prevejo o despertar da música,<br />
Meus olhos pesados e o sentimento<br />
De quem fez cagada.<br />
Seria minha culpa?<br />
<br />
O que seria, no fim das contas,<br />
O meu virar de corpo,<br />
O cobrir de cobertas<br />
cobertas por outras cobertas?<br />
<br />
Eu descubro, o frio puxa meu pé,<br />
Socorro! Grito pensando no daqui a pouco,<br />
De outros tantos poucos, confusos<br />
E agitados.<br />
<br />
Ainda vejo o teto nublado de luz,<br />
Sem calma por opções.<br />
Eu acordo já já, entende?<br />
E eu durmo, não?<br />
<br />
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<i>Douglas Ibanez </i></div>
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<i>(03.04.2019 - 01h09)</i></div>
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<a href="https://4.bp.blogspot.com/-qOWi01hP5ko/XKVl5zeL1-I/AAAAAAAAHlM/Uwi-J_WvorIuDc7ktIo5Fc3zP0S6NyY-ACLcBGAs/s1600/brain-1787622_1280_0.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" height="300" src="https://4.bp.blogspot.com/-qOWi01hP5ko/XKVl5zeL1-I/AAAAAAAAHlM/Uwi-J_WvorIuDc7ktIo5Fc3zP0S6NyY-ACLcBGAs/s400/brain-1787622_1280_0.jpg" width="400" /></a></div>
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<br />Douglas Ibanezhttp://www.blogger.com/profile/06100928277473864985noreply@blogger.com0