quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Persona


Há um lugar para um fechar do horizonte com pálpebras da meia noite, onde sinto o cheiro do sangue que me salga os dentes enviesados em carne. Faço as pazes com uma escuridão que outrora me disfarçou em culpa. Me cuspiu na cara o medo que jamais senti. É aqui que estrangulo poesia em uma cumplicidade atônita com o verdadeiro, sem chances de lutar contra a morte, já que sempre pulsa uma desesperada misericórdia aos joelhos do que se pergunta ser. Escuto sotaques que o poeta concede - um brilho na letra com maestria de uma ópera escrita. Um diálogo e uma confissão. Há sempre uma lágrima que molha minh’alma, desrespeita o esdrúxulo - corrupto! - e joga em areia, coberto às poeiras, o meu coração.

Douglas Ibanez
(15.09.2015 - 22h54)

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