sábado, 1 de abril de 2017

Autópsia


Rasguei o pano para ver o que tinha dentro. Encontrei uma caixinha que me cabia inteiramente, lento, mas com espaço para o peito, ainda que no conforto do plenamente estreito.

Me deitei com jeitinho, como quem explora terras, me aquecendo a cada parte e bagunçando o que me levas - o todo resto (eu não presto). Só me leva, sem conservas. 

Deixa eu bagunçar você? Já dizia aquela voz, com meus dedos no cabelo, calculando o absorver de cada parte que eu gostava. Quero ver - com mais porquês de nossos nós (brancos) em volta de sua nuca.

Respiro o que me inspiro - e o pano continua ali deitado, relativo e amargurado (mas aberto ao meu suspiro), como doce de marrom glacê. Eu me viro assim de lado, sem vontade de saber. 

Tudo não está insípido, como você vê, mas eu busco um resultado (sem demonstrar o meu agrado) de um acesso alternativo, extremamente restrito, de uma forma a me encaixar e esquentar, enquanto piro.

Douglas Ibanez
(17.3.2017 - 1h6)



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