O caos me soca aos ouvidos um urro de agouro que me faz arrepiar. É a sentença de morte da paz que aqui vive. Meus vizinhos me espantam em uma fúria de intrigas. Soluçam seus prantos em mantos sem forma, que se aproximam e sorriem desfigurados. Eles tocam meu braço ao possuir minha garganta - um orgasmo sem eco. E ninguém escutou. Sinto cheiro do incrédulo que agonia a alma em um chute sem metas. Não há objetivos em uma anarquia de horrores. O terror me acerta e me xinga de "trouxa". Prova de mim. Me derrota com gosto. Lambe meu rosto em um gozo sem jeito, profundo e profano. Sou devorado por dentro. Uma cadeia de trevas - circular e alheio. Eu furo manchado em passageiras suturas. O monstro se agita, me pega e balança. Encontra a saída, mas antes me beija, me arqueja e cospe em minha cara promessas de um retorno surpresa.
Douglas Ibanez
(12.11.2015 - 19h31)
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