Balanço a cabeça, eu sou um borrão. Mil faces abrem a boca, gemem com gosto - gengibre velho lambendo minha garganta, relativamente. São meus pescoços se enroscando, ardidos como um tilintar, que de tanto canto nos cantos sumiu numa poeira sem graça - quanta ironia. Pegou fogo, repentino, um tesão entre um beijo do eu e do eu, rasgando-lhe as pernas, com marcas e tapas.
Derrubo seus pés, lambo seus dedos, sabendo o que iria encontrar, mas o uivo se esvai com uma voz gutural. Me sinto velho com dores na consciência por continuar escalando a mim mesmo - até sinto o suco de laranja me tocando pelos pés, como cócegas, sem graça, que me derrubam morro abaixo em uma poça suculenta de cabeças totalmente minhas. Balanço meu corpinho, não há nada.
Douglas Ibanez
(26.02.2018 - 16h04)
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