segunda-feira, 2 de abril de 2018

Crise de Identidade: Carne Maluca (Louca)


Era um pontinho laranja
naquele tudo tão branco.

"Como podia ser tão branco
sem haver nada ali dentro?",
Se perguntava alguma voz
que não se achava muito lunática.

O ponto disse que sabia,
mesmo sem saber.

"Se você fala comigo,
quer dizer que tudo está com nada dentro?",
Tão danada, essa caralha!
"Cala a boca, sua louca, maluca, doidona!"

Retorcida, eu diria.
O contrário da palavra, intocada.

Exagerou, como quer nada,
mas olha só, ele corria pelo espaço!
"Eita pontito abobalhado,
corre, corre e volta e meia cai pro lado".

Senhor pontoso só olhava,
onde o chão ele descia.

"Como pode, vossa alteza,
ser tão próximo do alvo?",
devolve a coragem, essa droga de coisinha,
tão marrenta, ascendente!

No caminho da rodada, laranjeiras
marcam a hora de crescer: misturar-se.

"Simbora minha amiga, chega dessa,
me embora e não degola, olha a vida",
olhava agora, sem querer olhar pra fora
era aquele o caminho.

O pontuado pontuou, sem pressa.
Meu... olha a arte, minha gente! Olha a arte!

Douglas Ibanez
(28.02.2018 - 1h30)



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