Eu abro a janela só um pouquinho, me endireito no parapeito e olho para a noite. Passava das duas da manhã, na verdade era quase três, poucos minutos para acabá-los, ou começá-los, tanto faz a ordem, para ser honesto. Eu não fazia ideia do porquê de estar acordado a essa hora. Insônia, obviamente. Suspiro o inspiro do ar a minha volta, um vento gelado bate no meu rosto com classe. Eu gosto.
Sinto como se a noite fosse um tecido colossal, feito para vestes de seda de quando um deus, ou alguma criatura do tipo, celebra uma era de anos docentes sem a decência de costurar a barra. Mas costuras são sempre bem-vindas. EU me vestiria se fosse algo do gênero: uma gravata borboleta tingida do mais verdadeiro tom da noite, estrelado - contando estrelas. Sorrio e observo lá longe, sem compromisso com prazos ou limites. Só olho.
O céu está limpo, apesar de frio. Mas grato estou mesmo assim, consigo dormir de olho aberto e com visão POTENTE, PRESENTE, mas sem nenhum tipo de ONI - sinto paz com este acordo e é simplesmente isso. Enrolo minha franja numa mecha malcriada, ergo meus dedos como varinhas e dedilhos feitiços, cantigas (...), danças. Promessas? Só rio e deixo seguir, desaguar - e está tudo bem.
Douglas Ibanez
(27.03.2018 - 03h12)
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