segunda-feira, 29 de junho de 2020

O lidar que me nasceu


O dedilhar singelo da ansiedade,
em notas de melodia
flutuando nos limites da imaginação
de minha linha periférica do sentir.

Levanto-me inteiro, pelo braço direito,
e transpasso o véu que me cobre de noite.
Sonhos inquietos num caldeirão
girando diante dos meus olhos.

São densos, periodicamente complexos,
dentro de sua individual complexidade,
com tamanha fartura de liquidez
que me escorre pelos cotovelos,

me banhando,
me encontrando
e se despedindo a cada novo toque
que deixou eternamente para trás

ao tocar o novo
e penetrar o desconhecido.
Meus dedos dançam,
meus sonhos os beijam,

e eu me envolvo numa coreografia,
com a prudência do improviso sussurrando
pelo meu corpo:
um eco e um sopro

de um depois que preciso
deixar para trás.
Eu preciso, sim, e dedilho as mesmas notas
que me consomem pelo controle.

Um abstrato girando, contorcionismo
de palavras minhas - letras que inventei!
Eu as escrevo durante o banho
e vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem...

Douglas Ibanez 
31.05.2020 - 1:00


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