sexta-feira, 28 de junho de 2019

Fagócitos


Eu nado na beira do mar,
sinto aquela areia escura.

Entre meus dedos,
entra em meus beijos - esquisito.

Me puxa para baixo,
mordisca minha pele, desvejo

e desejo o aperto.
O escuro me aconchega, sem fardos.

Mas afasto para outro dia,
quem sabe mais tarde?

Precisamos marcar! Revejo
sem ansiar pelo raso daquela praia,

mais uma vez. Já basta, sabe?
Eu olho torto, limpo meus poros

entupidos de areia cinza, escura,
molhada com restos do mesmo,

tão qual já foi, tão qual já é.
Faz parte de ti, entende?

Eu entendo!
Mas receio pela beirada,

que nunca deixa de beirar
o que tem no meio,

tão oco, tão fundo,
vazio como uma represa,

que mata,
sussurra.

Douglas Ibanez 
(18.06.2019 - 01h58)


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