Eu olho ali para a minha frente,
tão perto do que eu tenho.
É azul e laranja, tão tênue
quanto um sopro de vida e morte.
Sinto medo.
Escuto o piano
tocando coisas
tão tênues quanto o azul e o laranja,
uma canção que eu havia de repelir,
que não queria, por já querer.
Ficou velho como o laranja amassado,
podre como o azul vencido.
E agora? Deixo seguir, deixo escorrer,
como uma certeza tão louca
que pula do abismo, completamente nu,
respirando devagar o laranja e o azul.
Vejo rostos, sem olhos e sem barbas.
Inspiro ao agrado
e desenho o contorno laranjamente,
no azul salpicado que reflete o céu.
Erroneamente, não quero nomes,
quero liberdade de escolher ao léu,
o laranja que ama a si mesmo,
no composto do azul no banco de réu.
Vi nuvens e medos, ainda os vejo,
mas os deixo azul claro que também é vida,
com gosto de alma que continua perdida,
laranjeando a si mesmo
com gosto
do aqui,
do ali e
do acolá.
Laranja
como o que sou,
um novo azul
como o que há.
Douglas Ibanez
(04.07.2019 - 01h10)
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