Arte não é arte,
é artéria
que abre caminho, despeja
e me inunda com força, sem freio.
Me leva de volta, se encaixa
nos encaixes tão escondidos,
como natureza estando presente,
vivendo no soco de todos os dias.
É lá que ela explode,
deflora, reflora e floresce, borbulha em cores
e letras, sem melodia,
em canções invisíveis que bombam.
Escorrendo por todo o meu corpo,
por todo o sagrado.
É aquarela, é meu, sou eu
e transborda ao mundo pela verdade,
minha verdade,
que inspira e transpira perfeccionismo,
perfeccionista!
Calculado, real em movimentos.
Olho o que olha de volta.
Reflito sob olhar faminto do irreconhecível,
seria eu um produto perecível,
digno de entrar na boca do outro humano?
Seria arte chorar?
Seria ela sentir o que for o que vida lhe dá?
Se o poeta se finge, na beirada do real,
seria eu o realista quase caindo no abismo do fingimento?
Eu agonizo no palco, danço minhas letras,
que, com licença, fazem sentido no meu contexto.
Sangrei, sigo pingando,
cansado e me envolvendo em meu gozo
tão pessoal que só eu sei ler.
Grito no pulsar de um nirvana,
vejo a luz escorrendo em meu rosto,
que escorre por uma veia e retorna à exatidão.
Douglas Ibanez
(19.08.2019 - 23h23)
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