Sou aquele que enxerga
além de minha pele elástica
e de minha carne dura,
funcionando radioativamente
para encontrar o escondido.
Sou meu psicólogo,
minha cartomante,
sou o jornalista que me informa e me conta
o que há dentro de mim.
As vezes me espanto
como pode uma vida
ser assim tão assistida?
Então percebo
estou assistindo-a novamente.
Existem dois de mim neste momento,
aquele que pensa no escrito
e o torna real
e aquele que olha e julga
o quão real se tornou tal pensamento
flutuante e enevoado.
A razão controla a emoção.
O sentimento controla o que é correto.
E assim as duas vivem
parasitando uma a outra
chorando a separação
não entendendo a unificação.
Douglas Ibanez
2 comentários:
Há sempre uma ligação forte entre aquilo que sentimos e o que é certo. Geralmente encontram-se em lados opostos e o eu, que no caso assiste a própria vida, fica oscilando entre esses dois polos.
Ouvi dizer que a maior parte da vida não é vivida em si, é resumida apenas a uma existência.
Entre a razão e o coração fico sempre com o coração, embora muitas vezes sei que sigo o caminho errado, mas não me arrependo. Serei assim até o final.
Adorei o seu poema. Lindo como sempre!
Beijos
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