quinta-feira, 22 de março de 2018

Dadear: Historicamente


Uma gota de neve, que se jogou,
Encontrou a raposa em seu focinho.
Então olhou como quem não queria,
Mas queria que não queria querer.

"Que droga!" - Disse a nevinha.
"Que droga!" - Disse a raposa.
"Que assim seja!" - Disse alguém louco.
E cá estamos, amando a loucura.

Douglas Ibanez
(28.02.2018 - 1h39)




quinta-feira, 15 de março de 2018

Crise de Identidade: Interlocução


Quero ouvir uma música, quando não quiser não vou avisar. Só vou parar e é isso, assim, simples como o vento, o tempo ou qualquer outra rima mequetrefe que eu possa vir a querer usar. Mais óbvio que isso, só falando sobre rimas em um texto letrado, sem paciência para mim mesmo: abestalhado. Pobre criatura essa segunda, de segunda a segunda sem saber entre se é segunda, segundas ou nenhuma mesmo. Deplorável, eu diria. 

Sorrio e reviro os olhos - sem sexualidades, beleza? Pelo menos não agora. Aquilo ali tem se esgueirado como humor em começo semanal, tenho sono mas abro os olhos, não perco de jeito nenhum, mas detesto, sem "odeios" ou rodeios, essa gravidade alimentícia. Gosto muito. Gosto tanto que não perco nenhum pedacinho. Lambo os beiços! Mas dou é nada... só me cubro e resmungo. Sai daqui, volta lá! Pega eu e vai-te embora, vou-me agora, sem demora... olha a rima maldita voltando. Desgraça!

Douglas Ibanez
(28.02.2018 - 1h09)


segunda-feira, 5 de março de 2018

Crise de Identidade: Gomos


Balanço a cabeça, eu sou um borrão. Mil faces abrem a boca, gemem com gosto - gengibre velho lambendo minha garganta, relativamente. São meus pescoços se enroscando, ardidos como um tilintar, que de tanto canto nos cantos sumiu numa poeira sem graça - quanta ironia. Pegou fogo, repentino, um tesão entre um beijo do eu e do eu, rasgando-lhe as pernas, com marcas e tapas.

Derrubo seus pés, lambo seus dedos, sabendo o que iria encontrar, mas o uivo se esvai com uma voz gutural. Me sinto velho com dores na consciência por continuar escalando a mim mesmo - até sinto o suco de laranja me tocando pelos pés, como cócegas, sem graça, que me derrubam morro abaixo em uma poça suculenta de cabeças totalmente minhas. Balanço meu corpinho, não há nada. 

Douglas Ibanez
(26.02.2018 - 16h04)