sexta-feira, 29 de maio de 2020

Grãos do Amanhã-Agora


Eu desmorono
e o fragmento escorrega
pelo meu corpo tão fraco
feito de carne e ossos,
que se sentem tão expostos
no alto de minha vulnerabilidade
sensível
ao meu próprio toque.

Nem sempre há respostas, entende?
Quando a terra desce sem motivos,
por motivos de tremores,
ela deixa suas naturezas
remetentes
para trás, num ponto de vista único,
entretanto,
descompleto, desperdiçado e espalhado.

Eu sinto o arrepio
coçando meu peito
de dentro para fora,
buscando orifícios por onde possa
desaguar sua poeira,
complexa
em sua busca pela vida
no entendimento do que vem depois.

Se ao pó tornarás,
porque o derramo?
O seguro na mão, ansioso,
soprando castelos que
se desmancham,
assim como eu.
Eu sinto os tremores,
e não me seguro.

Douglas Ibanez 
(29.05.2020 - 1:23) 

domingo, 17 de maio de 2020

O Garoto que Sabia Demais


Eu me olho no espelho e encaro,
com a sabedoria de um esquisito senhor,
um garoto que não sabia mentir
sobre o que achava de si mesmo.

Há um pesar em seu olhar solitário,
que nunca se perdeu pelos caminhos
que por aí conheceu.
Muito pelo contrário!

Somente o enriqueceu e o cobriu
de toda a certeza de que o mundo é o seu lar,
tão belo como um potinho de vidro
coberto por gotas da chuva.

Ah e os meus cabelos se alteram como alma,
tão sorridentes que brilham no reflexo,
como se escrevessem páginas mistas
de todos os amores-próprios que poderia sentir.

E há maior substantivo próprio
do que amor que próprio assim se torna,
depois de tanta simplicidade dita a si mesmo,
como uma palavra com letra minúscula?

Eu sinto o vento no rosto,
calmo como deve ser.
Inspirador aos extremos
das raízes letradas que me constroem

e o esquisito senhor me consagra,
finalmente depois de tanta graça,
como o garoto que sabia demais
e de menos e de mais um pouco ali além.

Douglas Ibanez 
(18.02.2020 - 21:14)