domingo, 29 de setembro de 2013

Vida

Quanto mais tento me acostumar com a vida,
Mais vejo o quanto é impossível realizar este feito.
São décadas presas dentro de dois minutos.
Séculos agoniados em um segundo.

Não existe uma descrição concisa para este ato de heroísmo,
Afinal ser herói é mais do que necessário nessa guerra diária,
Onde os monstros são criados dentro de nossas cabeças.
Suas ações nos destroem por nossas próprias escolhas.

Morrer sem ter vivido é uma ironia à beira da verdade,
Uma hipocrisia que só percebemos quando o fim acontece.
Na realidade nem percebemos o ocorrido deste fato,
Mas fazem questão de lembrar por nós,
Esfregar no rosto o quanto se deixou para trás.

Deste modo, para se viver não existe fórmula,
Muito menos equação.
A vida é mais uma literatura do que propriamente uma fração.
Mas some aquilo que precise e multiplique o que realmente se quer.
Viva apenas por viver. Pois a vida chama vida e não se chama de porquê.

Douglas Ibanez


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Ás de Espadas

Baralho inexplicável de doçura incontrolável cheia daquilo que respiro em um jogo aparentemente eterno, sem proteção para a maldade que se forma em um líquido negro lentamente mortal.

Resguardo o Às de Copas de minha cartola, buscando bater uma partida que nunca foi perdida, nunca foi jogada, jamais desmentida, imaculada. Vermelho tingido do amor, brotado da luxúria derrubada, reencontrada, questionando seu verdadeiro paradeiro e destino.

Minha raiva se alimenta deste veneno auto injetável, por olhos tapados para fora, mas atentos à memória alheia. Estou brincando com o fogo que emana de meus dedos como um vulcão em constante erupção marítima. Afogamento em um ferver aquático. Morte instantânea de um sentimento indigno.

Sinto o mal dilatando minhas pupilas. Caminhos pelo qual ele pode ultrapassar a atmosfera do lógico, aceitando morrer para encontrar a vida. Ódio na bondade. Socorro ausente de emoções e desespero, a brasa busca por comida, rasgar a pele, pedindo ajuda, explodindo em compaixão por si mesmo, que nunca existiu.

O Ás de Espadas pende pelo destino sobre a hipocrisia de escolhas malditas, benditas a mim, detestável por todos. Meus olhos lhe caçam, destroem sua bondade, abençoam meu veneno próprio, cumprimentando o ininteligível enquanto deflora um passado desesperado por atenção. 

Venha gemer em meu ouvido, será seu último suspiro de vida.
Ódio, grita meu mal.

Douglas Ibanez
(17.09.2013 - 19h20)



domingo, 1 de setembro de 2013

Desabafo

Sangra tua ira que fora violentada outrora. Gritai de desespero futuro incerto de presente certeiro. O laço se desfaz, tempo corre sem sorrir. Qual será o amanhã de um gorgolejar de águas profundas? Perturbai o meu sono que de calmaria não deixava adoecer. Viver o agora do amor perfeito, da parede quebrada e do sacrilégio inacabado. Deixar morrer o que é mortal, antes que estrague a imortalidade da natureza sóbria, embebecida pela saudade tênue, do coração suave.

Douglas Ibanez