quarta-feira, 25 de maio de 2016

Sem voz


Um grito no penhasco, sem o retorno de alguém. Ouço minha voz em meus cabelos - um carinho no meu ego. Eu converso em silêncio com a paz que me encharca, enquanto encaro um oceano indo e vindo em maresia. Sem saída para o onde, haja ele com quem estar. 

Douglas Ibanez
(30.04.2016 - 19h)


quarta-feira, 18 de maio de 2016

Diagnóstico em Sete


Quando a semana começa, ela logo desperta um aroma estranho. Ele cheira ao desânimo, chegando ao crisântemo de uma coroa de rainha, que secou na lagoa, com uma gritaria boa, de uma memória só minha.

Se desfez na imagem de um riacho fluído, com margem sem terra, sem filho ou ouvido. Vive cinco momentos, quando joga-se a pedra e inicia fragmentos de flagelos sem jeito, singelos por fora e por dentro perfeitos.

Douglas Ibanez
(27.04.2016 - 0h42)

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Colheita


E a vontade lateja
um pedido de alforria.
É uma ferida que vibra,
se desmancha.

Ela engole seus próprios pedaços,
que caíram no chão,
sem explicação para o apetite,
que cozinha palpites em meros abraços.

Nefastos, brincam de aleluia.
Se jogam na tela como mosquitos,
perseguindo luxos que criam asas,
mas morrem na praia, pedindo atenção.

Eu abrigo os sem-nexo,
como um coração estéril,
de um jardim fértil de embriaguez.
Frígido e com maçãs podres ao longo do dia.

Douglas Ibanez
(27.04.2016 - 00:15)


quarta-feira, 4 de maio de 2016

Ciranda de Onças


Vejo pintas
Onde não havia como haver. 
De repente surgiram, 
De repente, gritaram.

O rugido amargurado,
Ecoa como ecos de solidão
Raivosa, pedindo respeito, 
São crises da criação. 

Um talento de postura, 
Que se deita em amargura, 
Mais uma vez sem saber nada. 
Escreve momentos, respira palavras. 

Se um soco lhe atinge,
Enquanto enrola o teu rabo, 
Suspende o corpo e tateia o suspiro. 
Engarrafa na noite, em um umbigo. 

O cordão é pretensioso, se desprende, 
Desprendido.
Há menos dentes que fúria,
Embebido de gula - atraído.

Douglas Ibanez
(27.04.2016 - 0h44)