quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Braile


Venho tentando encontrar certas palavras - meias - que soem como se fossem inteiras. Revejo figuras que me inspiram de alguma forma. É tudo tão jogado, que não entendo por onde meus palpites palpitam, a cerca de assuntos que não me tocam com a necessidade que tenho. Mas eu me cubro com alguns rascunhos, proeminentes de rasuras que costumavam riscar fatos, ao sussurrarem poesias que não queriam ser lidas. 

Que coisa: eu adoro uma boa leitura! E sem contentamentos com tão pouco, fecho os olhos, balanço as ideias, e a neve se espalha como um círculo de beleza mútua. Ainda não sei o que dizer, mas lambo o ar com os dedos cheios de significados, que me guiam para o que quero contar. Não enxergo. Eu beijo o invisível e sinto o que preciso sentir: verdades que madrugada sussurra - desorganizadas.

Douglas Ibanez
(9.10.2016 - 1h17)


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Dormido


Lá vem a fronha que me consola, dos pesadelos que ando tendo, como pedaços da lua que despencam em minha cabeça - pesados e com gosto de queijo. Eu como pelas bordas, tentando saber onde tudo vai dar, sem me dar conta que tudo já se deu em um dado de seis lados, que continua girando, enquanto eu ando para lá, para cá e para outro ligar - de pontos tortos que se conectam não tão naturalmente. Quando os olhos se fecham, eles contam, entrelinhas, o sono de outro alguém e eu escuto, como tudo na vida, a batida suave que a noite me oferece: uma alforria das quedas que me soltam para baixo, como um sonho mal dormido, que dormi horas passadas, acordado.

Douglas Ibanez
(11.11.2016 - 3h24)


segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Desmemorial


Quando o menino segura círculos congelados, ele carrega o mundo nos braços, de uma maneira que somente ele desconhece. Há o gostinho do velho na boca, que se derrete com a língua salivando o que já aconteceu. Sem rodeios, nem claras expectativas sobre o passado. Não existe motivo: desmemorial. E do que era sem jeito, apareceu o capaz de ditar regras automáticas em uma escrita automática, após decisões manuais de um lugar que somente o guri parecia saber. Continua nevando uma tempestade... permanece chovendo água do céu. Não há história para sentir desta vez.

Douglas Ibanez
(11.11.2016 - 3h16)