sexta-feira, 24 de abril de 2015

Grito Contemporâneo


São sete batidas de um coração mal humorado, que marcam o passo de uma coreografia repetitiva. O ponteiro, girando em sete, direciona um horário de exposição artística. São sete horas. São sete segundos. Sete momentos para refletir meu universo transbordando de memórias, que sofrem tentativas de latrocínio todos os dias, como disse mês passado. Retrasado. Desastrado. Me leia! Seu atrasado, como sempre.

Poxa vida, como é estar agora? Pergunta a alma toda aos tapas, que embala melodias desencarnadas por aí. Ninguém escuta. O corpo age em forma do que passou sem preocupação.

Tenho dissertado sobre atualizações do destino, válidas às sombras que teimam em me perseguir. Passadas de anjo em um sonho explorado. Um desespero da ira, que gargalha graves sons de insanidade, com os olhos girando em órbita. Sete vezes.

Este é um pedido de socorro para ser ouvido. Um espetacular murmúrio de asas ao vento, comprido e enrolado, dentro de uma garrafa de vidro. Soletrando canções. Descobrindo meninos. Corações partidos. Colaborações rítmicas que se encaixam muito bem. Ao chão me entrego. Obrigado.

Douglas Ibanez
(19.04.2015 - 01h)


terça-feira, 14 de abril de 2015

Lavado


Eu só preciso de um banho.
Água quente em cabeça fria.
Estado de glória sem alegria.
Um tiro molhado, pingando na mente.
Me soa selvagem,
Mergulha latente.
Tristeza atraente do meu dia a dia.
Olho o relógio,
Já passou a euforia.
Me deito na cama buscando a viagem,
Estou atado. Sem quem me ama.
Preciso de um ganho,
Pressinto um presságio.
Mais um estágio!
Da vida que se deita,
Em mais uma noite tardia.

Douglas Ibanez
(03.04.2015 - 00h02)



sexta-feira, 3 de abril de 2015

Invisibilidade


Tenho a qualidade de saber ser invisível. Quando quero, quando preciso. Bloqueio os sentidos, enquanto aqueço os meus instintos. Busco na ancestralidade um poder que me envolve. Preenche o espaço observado por lobos perdidos. Olhos famintos, em alta temporada de caça ao outro.

Em meu sorriso o seu reflexo, que te encanta no mais narcisista sentimento de comprometimento consigo mesmo. Uma armadilha que te aflora. Me apaga. Me devora. Caminho em meio às pessoas, por suas sombras aumentadas. Crescidas e egocêntricas. Com hipermetropia acumulada.

Encontro o céu que quero ver. Dou meia volta no mundo inteiro. As ruas são silenciosas, quando a inflação deseja o outro. O sol não consegue tocar a terra, que seca sem sua vitamina D. Me esgueirando pela realidade, a surdez não me atinge e a cegueira me conduz.

Onde estou? Você não sabe. Quem sou eu? Menos ainda. Com meu dom sou invisível. Invencível! Protegido do total foco de luz. Sem palmas, por favor.

Douglas Ibanez
(12.03.2015 - 23h31)