terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Homem Velho, Velho Homem


Me dê a sua mão. Entregue sua sabedoria para minha inteligência perdida escolher entre o um e o dois nonsense de uma equação sortida qualquer. Mostre-me o caminho para minha própria face desfigurada pelo tempo que passei caminhando em jardins perigosos de alguns vizinhos que me atiraram pedras, sem eu nem mesmo merecê-las.

Sorria para mim. Quero ver todo tipo de verdade que existe em sua franja que teimam em cortar quando está crescida. Sua dança me faz querer dançar. Sobrevoando seus espontâneos dizeres de simplicidade única, desentendida por tantos e todos. Gire. Me jogue de sua janela de tanta felicidade explosiva de um coração puro. Me abrace. 

Meu velho homem, proteja minha pobre criança alada. A faça viver eternamente dentro de sua gargalhada melódica de mil tons de alegria colorida de vida. Quero que me guie por meu espetáculo sem plateia. Amo os dois.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Love


Virginianos sabem quando é amor quando cada centímetro do corpo da tal pessoa amada se torna um fascínio inexistente. Um jogo de sobrevivência onde o que sobra é apenas o sufocar de não saber mais onde procurar por algo sem nome que persistimos em nomear de amor. Sabemos desta existência na vontade de querer estar dentro do outro, de dividir uma só alma e esquentá-la dentro de um só corpo. Amor é 
o sentimento de ser outra pessoa mesmo ainda sendo você mesmo, protegendo-a do mal como uma auto-proteção. Amar o outro se torna seu amor-próprio. E honestamente, não importa se você é virginiano, ariano, aquariano ou qualquer outro tipo de variação zodiacal, porque isso é humano, é divino, é o melhor de se viver nesse mundo









sábado, 7 de julho de 2012

We Found Love


Achamos amor em um lugar sem esperança alguma. Quando ao olhar para o buraco mais profundo em nossa alma perdida, descobrimos o desesperador vazio de um nada sem vontade de sorrir.

Achamos amor em um lugar sem luz à brilhar. Perceptíveis verdades ao nosso redor gritando nos tímpanos as emoções que não queremos ouvir. A angústia nos beira à insanidade. Vontades que nos brotam da pele. Desejo não acontecido de vozes que nos infiltram a mente sem paz.

Achamos amor em um lugar sem vida crescente. O negrume de uma tristeza após a outra que nos condena à falta de alegria de um cotidiano desumano. Bocas tortas no lugar de sorrisos internos. Perseguir o viver não fazia mais sentido, apenas o chorar era libertador.

Achamos amor em um lugar desaparecido. No fechar dos olhos que buscamos por anos em amargura. Música que gira ao nosso redor contando uma única história em segundos que passam. A respiração celebra o momento. Sentimento que surge no beijo de apenas dois.

Paixão destruidora de lados. Construídoras de vidas. Memorando memórias. Evoluindo ao som da melodia que me irradia. Descubro que a flor pode nascer no asfalto velho. A lágrima evaporar no ar distinto. E que o amor é encontrado num lugar sem esperança, gritando para ser abraçado. Vivendo para ser vivido.

Eu há de vivê-lo. 


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Meu Beijo



Você saberá quando eu estiver inspirado. Olharei em seus olhos e lhe direi coisas profundas somente com um olhar. Vai querer chorar enquanto sorrir, por sentir meu desejo de lhe transformar em poesia. Se desmanchar ao meu toque sem nem ao menos te tocar de verdade.

Minha boca selada a ti nada dirá.

Coloque nela as palavras que queira ouvir de meu eu. Vou pronunciá-las do exato modo que quiseres ouvir. Mas te mostrarei que letras são muito mais classificadas quando sentidas ao corpo, no lugar de cantadas.

Por isso, não deixe de me ver enquanto inspirado. Podemos ser qualquer coisa que quisermos juntos por este olhar. Diga minha frase interrompida para que eu possa te levar ao impossível. Te beijando mudo ao longo de um precipício vazio, mas de conteúdo interessante sem volta para a lucidez.

Douglas Ibanez


terça-feira, 8 de maio de 2012

Ódio-Óde à Amante






Você é o que posso chamar de morte repentina e vida seguida pela instantaneidade. Cinco segundos de permanência contínua entre o doloroso prazer do ir e o vir, daquilo que não sabemos o nome mas temos a certeza de como o chamar.

Liberdade para olhar, jamais para tocar. Sentir sem morrer a morte causada a cada beijo perdido nas profundezas do esquecido. Minha amante perfeita para noites de suicídio. A escuridão ao seu lado nunca foi tão gostosa de se viver.


Por isso, não deixe meu corpo no momento que mais te espero. Releve meu desgosto por você ser quem é. Não se esqueça que minha porta estava aberta muito antes de você chegar. Nua. Crua. E se entragando por completo ao meu vazio aqui sozinho.

Caso mesmo se vá, peço que ore por mim a cada momento da caminhada. Sua partida me matará de felicidade e isso eu não irei suportar. Preciso de seus olhos que me dilaceram em desespero horrendo. Necessito da ferida em meu coração que você me causa enquanto está aqui. Meu ódio me alimenta. Meu amor me conduz.

Deixe-me cheirar sua voz uma última vez, Tristeza.

Douglas Ibanez

terça-feira, 27 de março de 2012

Triste Picadeiro


Fantasmas não apenas de um passado presente, mas também de um cotidiano o qual as vezes eu não consigo fugir. Escuto em meus olhos as risadas cortantes de palhaços amedrontadores. O circo armado. A sombra de uma plateia aplaudindo a triste desordem daquilo encolhido no medo do escuro. É tempo de parar. Domine. Mas as risadas ainda ecoam. Pois por menos maquiados que os palhaços estejam, as vezes, eles ainda reaparecem para lhe sorrir sorrateiro um mundo estranho que faz parte de mim.

Douglas Ibanez

domingo, 11 de março de 2012

Curiosa Verdade


Passo a passo na calçada. Quatro patas em pleno desenvolvimento de auto-crítica. O rabo se agitava como um radar de alegria. O focinho lhe mostrava onde estaria a curiosa verdade que tanto buscava nos últimos dias.

Observou ao passar, sem lhe faltar com a intimidade, o colega da casa ao lado sorrindo, em plena felicidade. A nova coleira recém-chegada do estrangeiro enfeitava seu pescoço felpudo em um brilho característico de valor alto, do tipo difícil de se conseguir. Principalmente quando se é necessário para calar um latido expressivo. Eletricidade custa caro. Silêncio e harmonia custavam muito mais.

A futilidade costumeira era pouco ao seu longo interesse. Ossos e chinelos alheios não passavam de uma boa distração. Seu objetivo se concentrava em encontrar o real descobrimento escondido de uma vida cheia de carinhos ao pé da lareira, de um fogo brandindo sob a plena falta de paixão.

Surgiu o rabo-de-saia. Quem sabia se não conseguiria um realejo? Resolveu na piscadela que a esbelta da vizinha não seria boa ideia. Ela era prometida. Compromissada. Tinha pose de boa santa, mas era na verdade uma assanhada. Se encontrava com um mínimo de múltiplos ao troco de uma ninhada. Para a dona viver feliz, ela sempre triste e os machos se livrando de uma enrascada.

O cão era manso em seu jeito usual. O andar debochado a estampar uma malandra camaradagem mexia com o ego das cadelas enxutas das madames de fina estampa, enquanto as vagabundas vira-latas se derretiam pela possibilidade de um sonho noturno não acontecido. Além, é claro, dos bons amigos da vizinhança e seus pedaços de linguiça das sobras do jantar de ontem, que seus donos se recusavam a lhe oferecer.

O que lhe parecia uma brincadeira de filhote se revelou uma tristeza. Criança há de ser pura, mas a pureza há de ser curta. Seis latas amarradas na calda do pobre cidadão, que pedia por ajuda, num uivo de desespero e breve depressão. As risadas não cessavam, muito menos deixavam de existir, começava ali um massacre, que nosso amigo não havia de assistir.

No todo, não havia sequer uma reclamação plausível ao cavalheiro malandro de pêlo lustroso. Sentava. Rolava. Se fingia de morto. Sabe, ele queria apenas fingir. Seu questionamento sempre fora profundo. Sua busca era por porquês convincentes para uma explicação de um viver de seu jeito. Daquele modo que lhe intrigava. Por uma resposta a suas perguntas mais distantes de um pensamento canino regado a normalidade comum.

Melhor amigo do homem é quem se engana. Deduziu nosso colega. Ao ver um amor estranhamente bacana, entrando num escorrega. Com toda educação que de sua mãe recebeu, analisou a vizinha com sua estima pelo animal em seu colo contente, achando que tomaria um banho e escovaria o dente. Mas na verdade estava enganado. No veterinário seria revisto e ao fim da sessão, executado. O espaço era pequeno e o barulho incomodava. A morte lhe cairia bem, nada mais lhe importava.

Vivia numa natureza do prazer que não lhe fazia parte. Quem era, era feito de pensamento. Construído a partir da indagação de um significado que não existia. Ele era um cão. Não. Ele era muito mais que isso. Uma alma livre. A liberdade era seu caminho ao eterno destino. O horizonte estava a sua espera e a felicidade chegaria ao seu encontro. O melhor troco por uma escolha irredutível.

O cão latiu se despedindo. Atravessou a rua e seguiu pela calçada até qualquer lugar de fantasia, onde ela o levaria.

Douglas Ibanez


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Melodia em Esforço



Melodramáticas melodias de um árduo caminho ensolarado. A tempestade cai, molhando o asfalto solitário. Arte de uma sombra arrastada. Vontade do deitar sobre o leito bem feitor sombrio. Sabedoria, minha amiga, segure minha mão até onde for necessário. Até onde você ser substituída. Até onde eu ser reencontrado.

Douglas Ibanez

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Socorro



Me sinto arrastado em meio a uma imensidão branca.
Um deserto coletivo de idéias sortidas e frustrações.
Infelizmente, não cabe a mim decidir o que esperar deste infinito.
Pois ele controla sua aparência e meu caminho por sua elouquência.

Bela miragem pomposa que habita dentro de minha esperança.
Faz de mim um ser frio para viver nesta eterna prisão.
Esqueça meu castigo risonho de criança em eterna mudança.
Me desafie para a batalha, me enfrente, frente a frente, numa libertadora colisão.

Desertos são perigosos, constantes armadilhas para si mesmos.
Jamais confie no inimigo que lhe oferece ajuda.
Apenas acredite no amigo que eu possa ser para eu, você para você.
Estenda a mão para dentro e faça seu coração bater mais forte com seu próprio aperto.

Todos me enxergam, de longe, o pobre garoto feliz.
Cercado pelos vidros maciços de uma construção de areia.
Mas ainda me carrego pela tristeza da passarela assistida.
Sem poder pedir socorro, sofrendo e apenas dizendo que o tudo e nada está tudo bem.

Socorro.

Douglas Ibanez

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Amor

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É.. ele surge brando, as vezes. As vezes ele aparece na tempestade, as vezes ele surge sutilmente sem nem você perceber, mas ao longo do percurso, a carga de temperatura é grande. Digamos, quase uma estrada aparentemente sem fim, com calor intenso e suor gostoso, frio cortante de um coração tristonho, chuva, raios e trovões de uma tempestade assustadora, além de ventanias que levam tudo da estrada e deixam nada no seu devido lugar. Mas também aparecem os campos de flores, o perfume e o sentimento. A sensação de existência plena de só duas pessoas no mundo. O infinito da estrada é aparente. O final se mostra menos dia. Mas a lembrança de olhar para trás é o que fica e o saber o quanto aprendeu enquanto caminhou, é compensador.
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Douglas Ibanez
21:00 - 29/12/2011
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domingo, 1 de janeiro de 2012