quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Conduta & Compostura


Madrugada, minha cara, tão escura e não barata, me confira, me confirma e me exclua, sem agora, nem nunca no depois sem necessidade de algo tão perto que é você. Pontuei e acho estranho. Só dei vírgulas e os ponto-e-vírgulas foram doloridos demais para alguém como eu que nem sei o que estou pensando direito, só deixando fluir como bateria de coração de mão de gente retardada - com o maior perdão da palavra possível, sendo isso possível. Conversa comigo, sua doida aí parada, mas tão rápida que dura pouco mais do que doze horas e eu te perco, escorrendo pelo meio das minhas pernas como cena pornoada de tão deselegante que possa ser: sua presença me mata de gentilezas e eu espero que você permaneça até eu me recompor. Ordem! E anda direito - um bofete na minha cara!

Douglas Ibanez
(02.04.2018 - 1h14)




quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Saturno


Do meu quintal olhei aos céus,
com anéis girando seco,
como o gelo ao meu redor.

Havia regras em sua voz,
tão grossa quanto sua paz,
que ali jazia tão tarde.

Fazia um círculo em datas,
me cobrava pelo o que me contou
e eu pelo o que nunca tive.

Me contive e o amarrei nos pulsos,
onde batia o meu coração
tão lento, parando.

Onde a vida corria
por veias redondas, grossas.
Grossas como somos grossos.

Meu saturno girando, me dizendo
que metade me abriga
e outra metade se cansa.

Que do meio me escreve,
no meio me encanta.
Sem dança, nas pernas uma trança.

No espaço o nosso espaço.
E me deve um novo laço, um amasso,
com gosto de abraço.

Douglas Ibanez
(15.08.2018 - 2h20)


sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Estaca Zero


Voltei uma página para ver onde a inspiração me levava e descobri (olha só!) que minha letra é itálica. Torta como uma linha tombada depois de não passar pelo buraco da agulha, porém tão bela que não quis consertar. Não precisava de conserto, mas sim de concessão para escrever e escrever e continuar escrevendo mais, até eu me ver.

Douglas Ibanez
(21.03.2018 - 20h53)