quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Ás de Espadas

Baralho inexplicável de doçura incontrolável cheia daquilo que respiro em um jogo aparentemente eterno, sem proteção para a maldade que se forma em um líquido negro lentamente mortal.

Resguardo o Às de Copas de minha cartola, buscando bater uma partida que nunca foi perdida, nunca foi jogada, jamais desmentida, imaculada. Vermelho tingido do amor, brotado da luxúria derrubada, reencontrada, questionando seu verdadeiro paradeiro e destino.

Minha raiva se alimenta deste veneno auto injetável, por olhos tapados para fora, mas atentos à memória alheia. Estou brincando com o fogo que emana de meus dedos como um vulcão em constante erupção marítima. Afogamento em um ferver aquático. Morte instantânea de um sentimento indigno.

Sinto o mal dilatando minhas pupilas. Caminhos pelo qual ele pode ultrapassar a atmosfera do lógico, aceitando morrer para encontrar a vida. Ódio na bondade. Socorro ausente de emoções e desespero, a brasa busca por comida, rasgar a pele, pedindo ajuda, explodindo em compaixão por si mesmo, que nunca existiu.

O Ás de Espadas pende pelo destino sobre a hipocrisia de escolhas malditas, benditas a mim, detestável por todos. Meus olhos lhe caçam, destroem sua bondade, abençoam meu veneno próprio, cumprimentando o ininteligível enquanto deflora um passado desesperado por atenção. 

Venha gemer em meu ouvido, será seu último suspiro de vida.
Ódio, grita meu mal.

Douglas Ibanez
(17.09.2013 - 19h20)



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