sexta-feira, 3 de abril de 2015

Invisibilidade


Tenho a qualidade de saber ser invisível. Quando quero, quando preciso. Bloqueio os sentidos, enquanto aqueço os meus instintos. Busco na ancestralidade um poder que me envolve. Preenche o espaço observado por lobos perdidos. Olhos famintos, em alta temporada de caça ao outro.

Em meu sorriso o seu reflexo, que te encanta no mais narcisista sentimento de comprometimento consigo mesmo. Uma armadilha que te aflora. Me apaga. Me devora. Caminho em meio às pessoas, por suas sombras aumentadas. Crescidas e egocêntricas. Com hipermetropia acumulada.

Encontro o céu que quero ver. Dou meia volta no mundo inteiro. As ruas são silenciosas, quando a inflação deseja o outro. O sol não consegue tocar a terra, que seca sem sua vitamina D. Me esgueirando pela realidade, a surdez não me atinge e a cegueira me conduz.

Onde estou? Você não sabe. Quem sou eu? Menos ainda. Com meu dom sou invisível. Invencível! Protegido do total foco de luz. Sem palmas, por favor.

Douglas Ibanez
(12.03.2015 - 23h31)


Nenhum comentário: