quarta-feira, 8 de junho de 2016

Desgonexia


Busco uma linguagem que ainda não tem nome, em tentativas do acaso, todo dia diferente. Eu olho para o que sinto, sem me preocupar, exatamente, com uma resposta imediata. É mais uma espera aguda e desenfreada de envolvimento mútuo: sem explicações excêntricas sobre o ser ou o não ser. E isso gera filhos, netos e bisnetos, que educo, com o tempo, como educaria a mim mesmo. Ou não... quem sabe o que digo? 

A criatura me cria enquanto criador criado: é esse o tipo de idioma que me afeta às estribeiras, em um grau inesperado de relutância pela arte que exprimo. Eu tento fazer o necessário, mas é complicado quando se diz o que se diz, sem dizer aquele dito. Olha eu aqui de novo, escrevendo em muitas línguas que só eu sei entender. Mas quando vejo...  já surgiu! 

Um processo. Uma utopia sem precedentes, de um passado que me espera, pois o JÁ já vai se embora e o agora não morreu. Nunca morre. Me encontra na esquina e jamais sossega o facho. Eu gosto, na verdade. Tampouco me preocupo, pois seus restos permanecem em alguns pedidos de ajuda colaborativa. Sei bem o que me falta e todo dia é algo assim: designado, mas sem designação. 

Se figuras de linguagem falassem, as minhas estariam em praça pública, cantando para o mundo um flerte de alegria. Cada dia de um jeito, sem o certo (ou o errado). Se moldando, ao fazer o compreensível, que todos aqueles preferem não ver. Eu só digo e espero pelo o que (e como) digo de volta.

Douglas Ibanez
(10.05.2016 - 18h22)


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