sábado, 8 de outubro de 2016

Sommomenta


Gosto na boca daquele carinho que me conta detalhes, quando a chuva já caiu do lado de fora. Consigo dizer meia dúzia de palavras, com olhos que observam constelações que não quero nomear. Para quê? Então, escuto a emoção percorrendo meu corpo, em um abraço gostoso, não obstante choroso, que me diverte em um tipo de saudade de um momento que ainda acontece.

Eu sinto segundos, em gotas, se esvaindo de mim.  Não quero ir. Eu quero sorrir, seriamente satisfeito em tocar um olhar que gargalha de volta e me conta as graças que só ele sabe enxergar em mim. Sem ar. Todas as coisas tendem a ser formais demais para quem sou agora. Sou fraco. Levanto meus braços e me entrego ao acaso. 

Estou lendo nossa história em beijos que se tornaram brechas do espaço-tempo e escorrem por entre meus dedos, sem que eu consiga pegar. Mas preciso? Na verdade, eu desisto. Prometo reaver minha vida depois que as horas baterem na porta, pois agora eu me perco, e me enrosco, nas nuances que as peles descrevem, sobre aqueles que foram e não estão mais aqui. De novo, meu. Mais um pedaço, uma lágrima e a palavra, de que fique aqui todos os dias.

Douglas Ibanez
(02.09.2016 - 02h08)


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