sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Desportas


Eu só queria meu lugar
Onde não há ninguém.
Só por um instante,
Fechado nas portas, amarrado.

É como uma torre sem porta
De entrada, saída ou emergência,
Enquanto as emergências continuam
A passos largos, me dizendo "corra"!

E ao mesmo tempo
Que me sinto ingrato, eu me sinto
No direito de me dizer estar assim,
Como num casulo sem janelas.

Eu olho a porta aberta e me irrito,
Tão quanto as roupas tão perfeitas.
Estou vendo um eu que não quero,
Em um jogo de cartas estranho.

Blefando sem querer, mas preciso,
Pois não há sentido na ira,
Tampouco na birra de um sucessor,
Que cruza seus braços. Trancado.

Douglas Ibanez
(23.06.2018 - 1h04)


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