quarta-feira, 4 de março de 2015

Portfólio de Elefante


Enxergo agora a necessidade de proteger cada memória que um dia se desenvolveu. Pequenas notas de rodapé, ajoelhadas em frente ao longo texto que seguiu em frente. Um livro sendo escrito em páginas apressadas, que quando soltas transformam desenhos em animações, em um roteiro de suas próprias palavras sortidas. Letras caem. Pulam linha a fora. O clichê não para: o que passou, passou.

Mas tentam tomar o que correu no rio. Águas escuras, pontilhadas de estrelas que se revoltam e nadam no sentido contrário. Um cobertor obscuro de um Setembro falante. Fotografias molhadas perambulam à luz de velas, narrando histórias que se afogaram correnteza a dentro. São crianças sorrindo do preto e branco da alma, brincando com o sépia do tempo. Meu caro, este é o maior desafio do colorido da vida. Repentino, no melhor estilo Polaroid de ser.

Preciso salvar meu aconchego. Transformar o leito em poeira de cima do armário, soprada para longe em uma história em quadrinhos. Sou elefante galante, com resquícios que ninguém vai tirar. Mediunidade elegante, de sutileza marcante, que ninguém deve enxergar. Me lembro de tudo que já senti e das margens que já molhei. Não há espaços para mentiras, de sua terra que jamais toquei.

Douglas Ibanez
(03.03.2015 - 19h48)



Nenhum comentário: