quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Ephemera


Três nuvens em forma de vento me escapam entre os dedos em parcelas simplistas de algodão doce. São três carneirinhos que pulam do céu, cantarolando cantigas até eu dormir. Quando tento tocá-los, se desmancham em alguma coisa que não sei o nome, mas continuam desenhando no ar, como uma partitura de uma canção cheia de desenhos múltiplos de outras coisas, que também não sei como nomear. 

Meu indicador coordena um caminho disforme, com curvas em todas as direções. Parece um rio de nevoeiro branco daquela manhã sinistra, cujo dia se esqueceu de nascer, escondido atrás das gotículas de azul desperto. Me surgem memórias em paisagens distintas, em posição de lótus para uma oração só minha. É estranho observar caminhos em uma brincadeira de paz difusa. Uma aura que o coração sopra, o momento relembra e tudo se desfaz outra vez.

Douglas Ibanez
(24.08.2015 - 19h32)


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