quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

O avesso


Me viro do avesso, enquanto troco de lado,
Revejo paisagens, moedas sortidas.
Da carne esponjosa me aparece a vontade,
Sem gotas de vida, beirando a verdade.

Eu sei que eu posso morrer mais um pouco,
Bebendo do suco que escorre sem freio,
Pelo freio, gemendo de dor,
Quebrando suas partes, de dentro para dentro.

Desviei e reviro meus olhos tão bobos,
Me jogo no fogo dos ossos quebrados.
Eu jogo de quatro e lambo seus beiços.
Cortesia da desgraça, que me morde o pescoço.

Pelo cerne da coisa que a coisa se esconde,
Com o cansaço nas veias, que tanto pulsam, 
Desgrudam do couro, no coito, e batem de novo.
Eu sinto meus cheiros: dos céu e do grosso.

Douglas Ibanez
(5.12.2017 - 0h31)




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