quarta-feira, 8 de julho de 2020

Ah (...) o céu!


Eu olhei para o céu
e vi o céu.
Enchi os pulmões
com o presente que me dava,

guardando um de seus
dentro da imensidão que era
estar apaixonado pela liberdade
que o lado de dentro me permitia.

Eu me via
e ele me ampliava,
me deixava solto em minha imagem,
me amava exatamente

pela possibilidade de me livrar
de amarras que sussurram.
Ele me grita no ar,
me desenha nas nuvens,

como um pedaço de arte
forjado para ser livre.
Há grades entre nós,
há graves entre todos,

mortos e feridos,
e ele ali, me reconhecendo de volta,
me acarinhando ao dizer meu lugar,
que não se cumpre.

O amor pelo céu que eu vi,
me viu de volta e disse
o quão nele eu estava,
por em mim eu estar,

sem meios nem meios
de chegar onde eu não quiser,
pois o que eu queria me queria
e me liberava de dentro para o mundo.

Douglas Ibanez 
(12:17 - 23/04)


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