domingo, 31 de dezembro de 2023

Ma

É na pausa entre o tempo e o espaço que contemplo o oceano. Sentado num banco, os pés acima ou abaixo da existência, e a melancolia simbólica quieta diante dos meus olhos, tão cheia quanto vazia de qualquer significado que ela mesmo trouxesse.

O nada me contempla como uma paisagem, um estudo profético - poético - do tudo que vai sempre tê-lo: o nada. Eu o entendo e me calo, com poesia vazando pelos meus olhos, bocas e dedos, escrevendo o que vejo na sobreposição.

O sol se pondo na sombra do porto. É daquele laranja o tom que a matéria se forma, atingindo os pilares que os céus sustentam tão longe. Quando for meia-noite, entretanto, o céu continuará iluminado, coberto pela fumaça escura da natureza primordial da criação.

E foi aqui que eu guardei o que me faz bem, no vazio entre o entre e o entre, onde a quietude se torna um alento e o eu um momento de plena observação significativa do que é e o que não é, ao ver o que é visto e apreciar o seu silêncio.

Douglas Ibanez
Feliz Ano Novo! 





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