A madrugada é honesta
em suas palavras, escurecidas
como o tecido do céu
que acima se deita.
Palavras nuas,
sem vergonha do medo
e da natureza de sua pele,
cujo toque não se toca, se pronuncia.
Cruas até o limite da rima.
Tira as cobertas,
revela as simples verdades guardadas
nas mentiras que de dia foram contadas.
Eu sou escrito no poema da noite,
onde me vejo e retorno o olhar.
Os pés escorrem,
os dedos falam e a língua sente.
O vazio perfura, a expectativa vaza
e o momento é tão verdadeiro
que o silêncio que sobra se cala,
dando ouvidos à cantoria da intuição.
Soa-se belo na madrugada, sem nada.
E de repente, o que se escuta
só depende do outro,
que se deixa ir... aos sussurros.
Douglas Ibanez
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