sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Mergulho na Honestidade

A madrugada é honesta
em suas palavras, escurecidas
como o tecido do céu
que acima se deita.

Palavras nuas,
sem vergonha do medo
e da natureza de sua pele,
cujo toque não se toca, se pronuncia.

Cruas até o limite da rima.
Tira as cobertas,
revela as simples verdades guardadas
nas mentiras que de dia foram contadas.

Eu sou escrito no poema da noite,
onde me vejo e retorno o olhar.
Os pés escorrem,
os dedos falam e a língua sente.

O vazio perfura, a expectativa vaza
e o momento é tão verdadeiro
que o silêncio que sobra se cala,
dando ouvidos à cantoria da intuição.

Soa-se belo na madrugada, sem nada.
E de repente, o que se escuta
só depende do outro,
que se deixa ir... aos sussurros.

Douglas Ibanez

13/10/2021 - 4h23



Nenhum comentário: