quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Lembranças de Um Leito de Morte

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Você se lembra quando dançamos, pela primeira vez em nossas vidas, aquela valsa sem ritmo nem coesão que você me prometeu como o primeiro presente de um eterno amor verdadeiro para uma vida inteira sem fronteiras?

Você me pegou pela mão e me levou ao seu lado por um caminho perigoso pelo qual eu me arrisquei. Se soubesse naquele tempo o risco que corri ao olhar em seus olhos, talvez faria tudo novamente e te deixaria me guiar não só por uma música, mas por uma trilha sonora inteira de magia e eternidade.

De seus calçados vazaram brilhos que jamais pensei existir. Eram pequenos diamantes que cintilavam a cada som de nossa música, subindo e descendo em pequenos espirais dourados, apagando minha mente do redor, me conectando solamente a você e no futuro interminável que seu olhar me prometia, unindo nossa vida dupla em apenas uma.

Eram apenas vultos que contrastavam sua beleza. Fantasmas que deixaram de existir batida a batida de um coração conjunto, grudado pelo vermelho do dançante sangue daquela noite, chamado de amor, chamado de princípio, o princípio do eu, o princípio do você.

Mas agora, neste exato momento, chegou o fim de nós dois. Deitados na mesma cama há cem anos, deitados no mesmo amor desde o nunca antes e o para sempre.

Se como dizem os ainda fantasmas circulando ao meu redor e eu existir para sempre em outro mundo no momento mais feliz de minha vida, irei dançar eternamente aquela valsa com você. Pois eu a continuo dançando há anos e anos e morrerei fazendo isso, logo depois de você, para que eu continue ao seu lado, em meu primeiro presente de amor, em meu primeiro presente de uma verdadeira vida.

Até daqui a pouco, meu velho.

Douglas Ibanez

7 comentários:

Eduardo Montanari disse...

O texto me remeteu a uma foto antiga, amarelada, jogada num canto de uma casa velha e abandonada. Lembranças. Lembranças.

La Sorcière disse...

Triste e absolutamente LINDO :)
Adoro os seus textos.
Pq vc não foi se encontrar com a gente na Bienal?? Heim? Heim??
IMPERDOÁVEL!

Lis disse...

Voando por aí, caí aqui.
E que lindo esse seu texto, amei, me emocionei!


beijos meus... estou te seguindo.

Caio Lima disse...

nossos avós...

caraaai q bonito

especialmente a última frase: "Até daqui a pouco, meu velho".

me deu um negócio estranho agora...

mas enfim
bom final de semana pra vc Douglas =)

Adrielly Soares disse...

Lindo, demais.
O sonho de todas as pessoas que acreditam em amor.

Beijos.

Kézia Lôbo disse...

Me deu uma certa nostalgia, lembrei de um filme antigo bem triste!!!
XD

Unknown disse...

olá, até certo ponto achei que o texto falava de um relacionamento que terminou, deve ser pq é isso o que aconteceu cmg. ótimo blog. bjos